Rio - O idoso atingido pelo estudante de Direito Pedro Henrique Garcia de Souza Corrêa Santos, 24 anos, preso após furtar um ônibus no Terminal Alvorada, na Barra, no último domingo, deve receber alta da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) até o final desta quinta-feira. Antônio Manuel Horta Maia, de 67 anos, está internado no Hospital Adventista Silvestre, no Cosme Velho.
De acordo com a assessoria de imprensa da unidade hospitalar, o quadro de saúde do paciente é estável. Antônio não sente tantas dores, está lúcido e conversa normalmente com médicos e familiares. Ele será transferido para um quarto e vai começar tratamento de fisioterapia. Na terça-feira o idoso foi submetido a uma cirugia de descompressão e fixação da coluna que durou quatro horas e correu bem. O paciente não tem previsão de alta.
Tiros na lataria
Pedro Henrique, já sem a fantasia do Bope, foi transferido para Polinter | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Os policiais militares que perseguiram o estudante de Direito Pedro Henrique Garcia de Souza Corrêa dos Santos, 24 anos, preso após furtar um ônibus no Terminal Alvorada, na Barra, acertaram tiros na lataria do veículo. De acordo com a perícia, o objetivo dos PMs era acertar os pneus do coletivo para que ele não pudesse seguir viagem.
"Os três disparos acertaram as imediações da roda, ou seja, fica caracterizado que a intenção era furar o pneu do ônibus. Nenhum dos tiros teve a direção do interior do coletivo", ressaltou o delegado adjunto da 12ª DP (Copacabana), Bruno Gilabert.
Festa com bebida
O universitário estava sob excessiva influência de álcool antes de furtar um ônibus e provocar pelo menos 10 acidentes, com dois feridos — um grave — na manhã de domingo. Foi o que disse o pai do jovem em depoimento na 12ª DP, nesta segunda-feira.
Autuado por cinco crimes — furto, danos a terceiros, tentativa de homicídio, lesão corporal grave e resistência à prisão —, o jovem foi transferido ontem para a Polinter do Grajaú e pode ser condenado a até 20 anos de prisão. Antes da transferência, trocou a fantasia do Batalhão de Operações Especiais por um moletom cinza.
“O pai conversou com o filho após a prisão e ele confessou ter bebido excessivamente. Ele alegou que o rapaz sofre de crises de depressão desde a época da escola e que o problema se agravou com a morte da mãe, há alguns anos. Nesse período, chegou a ser submetido a tratamento psiquiátrico contra alcoolismo”, contou o delegado Bruno Gilaberte.
Os advogados do universitário tentarão amenizar as acusações alegando incapacidade mental. “O advogado adiantou que vai alegar que o jovem sofre de transtornos psiquiátricos. É a linha de defesa dele”, disse a delegada Cristiana Honorato.
Antes de cometer os crimes, Pedro Henrique passou a madrugada bebendo em uma festa no Centro da cidade. O slogan do evento, com ingressos a R$ 180, era ‘aqui o impossível é possível’. Lá, cerveja, vodca e whisky eram liberados.
Pedro reagiu a prisão e acabou com alguns ferimentos no rosto | Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
De acordo com amigos de Pedro Henrique, ele ingeriu muita bebida alcoólica, mesmo tomando remédios tarja-preta. “Ele bebeu muito durante a noite. Acabou misturando o álcool com o remédio controlado”, contou um amigo que o visitou na delegacia.
Imagens mostram carro arrastado
A parte mais trágica do trajeto percorrido pelo universitário foi em frente ao prédio onde mora, em Botafogo. Ali, ele bateu contra o carro do corretor Antônio Horta. Imagens de circuito interno de prédios próximos, na Voluntários da Pátria, mostram que o Fiesta foi arremessado por cerca de 50m. Postes da rua chegaram a balançar com o impacto, às 9h26m20s. Após a colisão, o jovem não parou. Segundo testemunhas, ele só desceu quando o ônibus apagou. Antes do Fiesta, ele bateu em pelo menos mais 8 carros e outro ônibus nos 22 km percorridos.
Num dos casos, teria tentado empurrar para fora do Elevado do Joá um taxista, que deu queixa de tentativa de homicídio.
O universitário furtou o ônibus no Terminal Alvorada, na Barra. Após festa no Centro, ele embarcara em um coletivo rumo a Botafogo, mas dormiu e só acordou na Barra, onde roubou o ônibus e o dirigiu até ser contido por PMs em frente a seu prédio.
Histórico de depressão, alcoolismo e encrencas
O universitário teria começado a dar sinais de desequilíbrio emocional desde a escola. A morte da mãe, em 2006, ao cair quando escalava o Pão de Açúcar, teria detonado crises depressivas e problemas de dependência de álcool. Desde então, ele faz tratamento psiquiátrico e toma medicamentos controlados, como Rivotril.
A combinação entre medicamentos contra a depressão e a bebida sempre foi uma preocupação para os amigos do jovem.
Após a morte da mãe, ele passou a morar com a avó paterna, em Botafogo, e é bem visto pela vizinhança. Mas esta não é a primeira vez que Pedro Henrique precisa prestar contas à polícia. De acordo com as investigações, ele tem outros quatro registros criminais, por dano, injúria, violação de domicílio e porte de droga para consumo próprio.
Aluno do 8º período de Direito da Universidade Cândido Mendes, ontem, Pedro Henrique começaria a estagiar em um grande escritório de advocacia. A expectativa é que ele se formasse advogado dentro de um ano. A contratação do rapaz foi muito comemorada por parentes. Visivelmente abatido, o pai dele, que não mora com o jovem, não quis comentar o ocorrido com o filho.
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