sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Mãe de criança com paralisia cerebral briga por indenização por suposta negligência médica


A promotora Aurely Freitas disse que o Ministério Público Estadual está trabalhando no aspecto do direito da criança
A promotora Aurely Freitas disse que o Ministério Público Estadual está trabalhando no aspecto do direito da criança (Ney Mendes - 22/01/08)
A ex-industriária e vendedora de cortinas Lucivânia Severo, 38, luta há mais de cinco anos para dar uma vida mais ou menos normal à sua filha de cinco anos e seis meses, que sofre de paralisia cerebral devido à diminuição do líquido aminiótico (fluido que protege o embrião) durante a gestação, conforme laudo. O pré-natal, segundo ela, foi feito no hospital Adventista e o parto, no Santa Júlia, em 2006.
A vendedora conta que hoje a menina tem que trocar o par de botas, fazer fisioterapia, entre outras atividades para recuperar alguns movimentos. “Minha filha tem que usar cinco fraldas por dia e não anda. Tem que fazer fisioterapia em um hípica e por meio de um plano de saúde, que eu pago com a ajuda do meu marido. Além disso, tem que receber aplicações de botox nas pernas, tomar remédios controlados e trocar as botas a cada 12 meses. É muita coisa para mim, são muitos gastos e não tenho condições financeiras para corrigir uma negligência médica”, desabafa Lucivânia, que passa muitas madrugadas acordada dando atenção à filha.
No mês passado, Lucivânia esteve na Defensoria Pública estadual para pedir novamente ajuda. “A primeira vez eu estive em 2007. Agora, me disseram na Defensoria que vão conseguir uma escola especial para minha filha e me inscrever em programas sociais para que eu consiga os remédios e as botas. Mas eu não posso esperar mais, minha filha necessita de ajuda imediata”, disse a mãe, que recebia, conforme ela, em 2008, um salário dos hospitais Adventista e Santa Júlia. “Mas eles recorreram e eu deixei de receber.”
 Conforme a ex-industriária, os prontuários médicos apresentados pelo Hospital Adventista foram modificados para que a justiça permitisse a suspensão do pagamento. “No prontuário apresentado pelo Adventista aparecia que eu tinha doença sexualmente transmissível, hipertensão e diabetes. Isso é mentira, eu não tenho esses tipos de doenças”, disse.
Lucivânia procurou há algumas semanas a redação de A CRÍTICA pela segunda vez, para atualizar o caso e reivindicar ajuda das autoridades. A reportagem conversou com a promotora Aurely Freitas, que disse que o Ministério Público Estadual (MPE) está trabalhando no aspecto do direito da criança. “Há um processo pedindo uma indenização dos hospitais envolvidos. Já houve uma perícia favorável à menor e o MPE, com base na perícia, pediu à Justiça a antecipação da tutela (antecipação da indenização)”, disse a promotora.

Hospital Adventista se defende
 O Hospital Adventista afirmou, por meio de uma nota, que Lucivânia não realizou pré-natal naquela unidade e que, no segundo mês de gestação, deu entrada no hospital devido a uma queda de motocicleta. O hospital também afirma que a paciente havia sofrido um trauma emocional ocasionado por uma tentativa de assalto, fator “que pode desencadear lesões fetais”.
Devido a esses fatores, o hospital Adventista atribui a paralisia cerebral sofrida pela criança. E afirma que ela recebeu toda a assistência médica.
Lucivânia confirmou que caiu da moto do marido, mas diz que a moto não estava em movimento e que a queda não foi grave. Sobre o assalto, a vendedora de cortinas afirma que nunca foi assaltada durante a gestação da filha. O que houve, segundo ela, foi um roubo na empresa em que trabalhava.
 O hospital Santa Júlia se defende dizendo que “salvamos a criança”. De acordo com o médico e diretor do hospital, Edson Sarkis, a criança necessitou de cuidados intensivos. “Em fevereiro de 2006 (ano em que nasceu a criança), o Hospital Adventista não tinha Unidade de Tratamento intensivo (UTI) neonatal.
A pedido deles, recebemos Lucivânia. Essa senhora deu entrada no hospital no dia 8 de fevereiro de 2006, aproximadamente às 14h, e foi operada por volta das 18h30. Ela chegou com problemas e deu a luz aqui no hospital. Penso que salvamos a criança.”

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