Resolvi atender ao “desafio” do Ministério Cristão Apologético (MCA) e responder à tréplica que foi dada ao artigo que escrevi, em que contestei as falsas alegações de Luciano, de que “Ellen White é a operação do erro de Satanás”.
Confesso que esperava mais do referido ministério apologético, antes de ler as três partes da resposta que o oponente elaborou. Ao invés de pelo menos reconhecer com humildade de espírito que errou em não consultar fontes primárias, antes de acusar gravemente ao adventismo, ele tentou “justificar-se”.
Ao mesmo tempo, o MCA desviou a atenção dos seus leitores daquilo que é realmente importante (uso de fontes primárias para apoiar as próprias alegações), sem fazer sequer menção à bibliografia que apresentei, e que demonstrou o total despreparo dos membros desse ministério quando o assunto é adventismo.
Essa é uma “estratégia apologética” muito comum quando a pessoa sente vergonha em reconhecer os próprios “bolas-fora”. Ao invés de se deter nas respostas fundamentadas que são expostas aos seus questionamentos, muitos apologistas direcionam a mente do leitor para “outros temas” para que aquele que for desatento não perceba que eles (os apologistas) realmente foram imprecisos no que escreveram. Tal “método” é uma “proteção” contra o ridículo no qual a própria pessoa se meteu, em falar ou escrever sobre o que achava que sabia.
É uma pena que isso aconteça, pois, todos saem perdendo com esse tipo de atitude. Os leitores perdem por que não se deparam com discussões saudáveis sobre pontos realmente importantes, e que possam trazer, além de cultura, crescimento espiritual. Já o apologista que adota essa estratégia mencionada acima, perde a oportunidade de demonstrar que ele é humilde o suficiente para reconhecer os próprios erros, e que é uma pessoa disposta a reciclar seus conceitos quando estes forem comprovadamente equivocados.
O ESPÍRITO “NÃO CRISTÃO” CONTINUA
O autor começa sua resposta deixando claro que não está muito disposto a discutir ideias de maneira cristã e democrática: seu objetivo é criticar mesmo, sem a pretensão de aprender algo e crescer com os outros. Isso ele revela já nas primeiras frases de sua resposta:
“Depois de algum tempo que viemos criticando extensamente o Adventismo, Leandro Quadros decidiu dar uma resposta ao MCA” (Grifos acrescidos).
Críticas não constroem nada. A menos que se saiba dar uma crítica com palavras “temperadas” com o “sal” (Cl 4:6) do amor, da compreensão e respeito. Ao lermos 2 Timóteo 2: 24 fica evidente que os membros do MCA necessitam desenvolver o tipo de caráter de alguém que possa realmente ser chamado de apologista cristão:
“Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos (incluindo os adventistas), apto para instruir, paciente.”
Comparando esse texto com a maneira como o MCA trata os adventistas, alguém pode ser tentado a pensar – com razão – que o Ministério Cristão Apologético nada tem de “cristão” na sua maneira de tratar aqueles que pensam diferente.
Demos continuidade à análise da resposta.
O QUE A TRÉPLICA DO MCA REVELA
Ao comparar meu artigo com a resposta do MCA fica evidente que:
1. O autor visivelmente desconhece as fontes primárias que podem apresentar o correto perfil da história e processo formativo das doutrinas adventistas do sétimo dia. Esse fato salta diante dos olhos ao ler-se a seguinte afirmação de Luciano: “Naquela postagem, não tive a preocupação, de mostrar onde li” (a respeito do adventismo).
Ora, um ministério que preze pela verdade e que esteja preocupado em comprovar documentalmente suas conclusões, até mesmo por uma questão de ética precisa demonstrar no que baseia suas acusações, sendo elas tão graves. Um pouquinho de rigor acadêmico exige que um escritor dê aos seus leitores as fontes para que possam conferir por si mesmos a veracidade ou não de suas afirmações, especialmente no que diz respeito à história denominacional de uma pretensa “seita”. Isso é o mínimo que se espera.
Ao ele pedir aos leitores que leiam outro post dele, isso em nada contribuiu para que as pessoas tivessem acesso a fontes primárias, pois, nos demais posts, ele não fez uso de pelo menos uma das citações que apresentei extraídas diretamente da literatura adventista, e que comprovam ser o adventismo um movimento religioso bem diferente daquilo que é apresentado pelo MCA e outros apologistas tendenciosos.
Ao Luciano dizer que “não teve a preocupação” de mostrar onde “leu” para sustentar as próprias afirmações, não estaria ele demonstrando que na verdade não leu fontes primárias e que, se o fez, manuseou-as de maneira irresponsável?
2. O autor extrapola em sua interpretação de 2 Tessalonicenses 2:7-9. Ao alegar que “as interpretações escatológicas são variadas entre os protestantes fieis”, ele não informou ao leitor que os protestantes de fala inglesa até o século 19, aplicavam o texto ao papado medieval e nunca a Ellen White. Os adventistas do sétimo dia preservam o uso do método historicista de interpretação das profecias e, por isso, a afirmação do livro Nisto Cremos, de que a observância do domingo faz parte do “ministério da iniquidade” está plenamente contextualizada na teologia cristã protestante do décimo nono século, que aplicava o texto a Roma papal. Afinal, quem mudou a lei e perseguiu “os santos do altíssimo” (Dn 7:25) foi o papado e não foi Ellen White.
3. O autor foge da real discussão com frases que revelam sua fragilidade argumentativa. Ele pegou uma afirmação minha em que considero muito bonito o ministério de Ellen White, e fez uso de uma pergunta retórica que não leva a lugar nenhum: “Pergunto: O que é mais lindo para o cristianismo? O Dia da Ressurreição ou o ministério de EGW?”
Esse tipo de pergunta é absurda por que a resposta é óbvia. Além disso, ele nem mesmo ensaiou uma tréplica à minha réplica, quando afirmei que o dia da morte de Cristo é tão importante quanto o dia da ressurreição e que, por isso, usar a ressurreição como “base” para a observância do domingo é uma grande irresponsabilidade com o texto bíblico. Além disso, Romanos 6:4 nos ensina que o batismo por imersão é o comemorativo Divino para a ressurreição do Senhor. Não precisamos de outro criado pelos seres humanos.
Apontei no meu artigo diversas distorções históricas, doutrinárias e a leitura superficial que o MCA faz dos escritos de Ellen White. Deixei ao leitor as fontes bibliográficas para que pudesse comprovar por si mesmo se as afirmações do MCA eram verdadeiras ou não. Porém, o MCA não deu a mínima satisfação ao internauta quanto às citações que desmentem totalmente suas alegações, e nem mesmo se preocupou em reconhecer que errou.
Luciano também não reconheceu que errou em atribuir a data de 22 de outubro de 1844 a Guilherme Miller, sendo que ele foi um dos últimos a aceitar essa data sugerida Samuel Snow. O que o leitor atento pensará de uma atitude como essa?
4. Ao comparar a minha resposta com esta última do MCA, também fica evidente que o autor continua distorcendo a história e os escritos adventistas. Isso pode ser percebido na leitura que ele fez do livro O Grande Conflito, págs. 370-372. Nessa citação Ellen White diz que a volta do Senhor está próxima, porém, não estabelece data alguma para o evento. Dizer que o evento está próximo é uma coisa; determinar uma data é outra, bem diferente.
O autor não considerou a citação que disponibilizei no artigo anterior, tirada do livro Mensagens Escolhidas, vol. 1, p. 188, onde a autora, mesmo crendo na proximidade da volta de Jesus, não apoiava a marcação de datas para a 2ª Vinda.
Como alguém pode conquistar credibilidade perante os leitores, usando de maneira tão irresponsável os escritos adventistas?
5. Ao ler-se a resposta do MCA percebe-se também um preconceito terrível, que não deveria fazer parte da vida de nenhum cristão.
O MCA continua questionando o cristianismo de Ellen White mesmo que a documentação existente comprove que ela nunca abandonou a fé em Cristo.
De que maneira poderá o MCA demonstrar seriedade em seu trabalho, ao mesmo tempo em que afirma ter Ellen White “se desviado” do cristianismo, sem que haja sequer uma prova documental a respeito? Como confiar num “ministério” que ignora o fato de Ellen White nunca ter se apostatado, e sempre ter permanecido fiel a Cristo, mesmo mudando de denominação religiosa? Levanto essas questões por que o MCA não informou aos seus leitores que até mesmo não cristãos, e que conheceram Ellen White de verdade, exaltavam o caráter daquela fiel cristã, que nunca abandonou a Jesus Cristo.
Se o MCA tivesse pesquisado o livro Mensageira do Senhor (Casa Publicadora Brasileira, 2003), de Herbert E. Douglass, págs. 129, 130, saberia que em 1878, aos 58 anos de idade, Ellen White foi incluída na obra de referência American Biographical History of Eminent and Sel-Made Men of the State of Michigan, Third Congressional District, p. 108, e descrita com as seguintes palavras:
“A Sra. White é uma mulher de mentalidade singularmente bem equilibrada. Seus traços predominantes são a benevolência, a espiritualidade, a conscienciosidade e o idealismo. Suas qualidades pessoais são de molde a granjear-lhe as mais calorosas amizades entre todos com quem se põem em contato e a inspirar-lhe a maior confiança… Não obstante, seus muitos anos de trabalhos públicos, tem conservado toda a simplicidade e honestidade que lhe caracterizam o princípio da vida [...]”.
Esperar que uma pessoa concorde com todos os pontos teológicos de Ellen White é esperar demais de qualquer cristão que não esteja familiarizado com a teologia adventista. Porém, questionar a sinceridade e o cristianismo de uma pessoa, sem base alguma, é inadmissível a qualquer seguidor de Cristo que conheça as palavras do Salvador em Mateus 7:1, 2: “Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também.”
Essa atitude difamatória do MCA é motivo até mesmo para que denominação religiosa a qual o indivíduo pertença seja justificada, se decidir disciplinar o referido escritor por transgredir abertamente ao mandamento que ordena: “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” (Ex 20:16).
Até mesmo quando escreve para a internet o cristão deve dar o bom exemplo (1Jo 2:6).
6. Ao ler-se o artigo do MCA percebe-se a falta de compromisso com toda a verdade dos fatos.
De que maneira acreditar no conhecimento histórico de um autor que ignora que o marcar datas para a volta de Cristo – mesmo sendo algo errado (Mt 24:36) – era um costume de muitos cristãosde fala inglesa e observadores do domingo? Por que ele não informou aos seus leitores que, mesmo Miller tendo se equivocado, ele não era o único a esperar o Senhor em seus dias e a marcar o dia para o retorno dEle?
Contra-argumento dessa forma por que o autor não se constrange em insinuar que os protestantes mileristas (membros de várias denominações genuinamente cristãs) eram “falsos e desonestos”.
Dizer que os mileritas se equivocaram é uma coisa. Chamá-los de desonestos, é outra história. Muitos de nós nos equivocamos com sinceridade, sem que isso, claro, justifique nossos erros. Mas, não somos necessariamente desonestos por causa de nossos equívocos.
Deveríamos ser mais amorosos com aqueles que erram, sem julgá-los como “falsos profetas” por causa de erros isolados. Afinal, o caráter de uma pessoa não se mede dessa forma, ainda mais que muitos cristãos observadores do domingo (maior parte dos mileritas) naquela época eram pessoas de bem, de grande moral e que faziam a diferença na sociedade.
Será que o MCA se sentiria confortável se um milerita fosse ressuscitado em nossos dias, e chamasse seus componentes de “falsos profetas” por causa de seus equívocos? Para não correr esse “risco” (apenas levantei uma hipótese), os apologistas do já citado ministério deveriam dar atenção ao mandamento Divino em Mateus 7:12: “Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam; pois esta é a Lei e os Profetas.”
Não estaria o zelo apologético ofuscando a objetividade do MCA e, ao mesmo tempo, contribuindo para que seus responsáveis transgridam abertamente ao princípio de Mateus 7:12 e, assim, vejam o adventismo com as lentes do preconceito e da intolerância?
A falta de compromisso com toda a verdade dos fatos se percebe também na tendenciosidade do oponente em citar Ennis Meier, um dissidente – fonte secundária – e não documentos oficiais da igreja Adventista do Sétimo Dia para abordar a doutrina da Trindade na história da referida denominação.
O MCA poderia ter tido mais rigor acadêmico e citado, por exemplo, o livro A Trindade, especialmente os capítulos 12 ao 14, p. 207-261, onde os autores apresentam respectivamente (1) Trindade e Antitrinitarianismo nos Primórdios dos Estados Unidos; (2) Trindade e Antitrinitarianismo na História Adventista; (3) O Papel de Ellen White no Debate da Trindade e (4) Ellen White e a Trindade: Os Documentos Primários Básicos.
Se tivesse feito ao menos uma leitura dos capítulos supracitados, os membros do MCA saberiam que:
(1) É mais que natural haver antitrinitarianos entre o adventismo da época dos pioneiros, sendo que este é um movimento interdenominacional, formado por protestantes das mais diversas confissões religiosas.
Se o MCA tivesse lido o artigo de Marcos G. Blanco, intitulado “La personalidade del Espíritu Santo: una perspectiva histórica”, republicado pela Revista Adventista em um uma edição especial em novembro de 2010, p. 29-31, saberia que, mesmo havendo um predomínio do antitrinitarianismo entre os líderes adventistas num período da história, 44, 3% dos pregadores mileritas eram Metodistas; 27% Batistas e apenas 8% eram da Conexão Cristã, movimento religioso nos EUA que negava a Trindade.
Isso seria suficiente para desmentir a falsa alegação de que “os adventistas”, de forma geral, não acreditavam na Trindade, pois, é conhecido o fato de que as igrejas Metodista (da qual veio Ellen White) e Batista, de onde vieram boa parte dos mileritas, eram Trinitarianas.
(2) Mesmo o conceito de um Deus em Três Pessoas tendo amadurecido no decorrer dos anos e o antitrinitarianismo tendo predominado por um tempo, jamais se pode alegar que “a maioria dos membros da igreja adventista eram antitrinitarianos”. Afinal, Daniel T. Bourdeau, um de nossos pioneiros, escreveu em 1890: “Embora afirmemos ser crentes e adoradores de um único Deus, tenho chegado a pensar que entre nós existem tantos deuses quantas são as concepções da Divindade”(Grifo acrescido).
Com base numa afirmação dessas é injustificável que qualquer escritor use distorcidamente a história do adventismo para justificar seus ataques motivados mais pelo ódio do que pela convicção ideológica.
(3) Ellen White ficou em silêncio por um tempo em relação ao assunto por que aguardava que os pioneiros chegassem a uma conclusão sobre o tema com base na Bíblia e não no que ela dissesse. Se o MCA tivesse lido o livro A Trindade, citado nesse artigo saberia que uma análise minuciosa dos escritos dela revela um claro progresso em sua exposição do assunto, até que, em 1888, com a publicação de O Desejado de Todas as Nações, ela expressa sua crença na Trindade de forma completa, pois, nesse período, boa parte da liderança estava mais aberta para tal revelação.
Se na Bíblia o conceito da Trindade foi progressivo (leia-se Dt 6:4; Is 6:9, 10; João 12:37-41 e At 20:25-28), por que nos livros de Ellen White não o poderia ser?
(4) Consequentemente, se o MCA tivesse mesmo se utilizado de fontes primárias, teria feito menção às citações que o livro A Trindade apresenta e que comprovam ter sido ela convicta quando à plena Divindade de Cristo e do Espírito Santo. Como exemplo cito apenas as declarações dela apresentadas em O Grande Conflito, p.p. 493 495, O Desejado de Todas as Nações, p. 530, Conselhos Sobre Saúde, p. 222, Evangelismo, p. 615-617, onde o MCA poderia ter comprovado que a alegação de Ennis Meier, de que EGW era “antitrinitariana” é insustentável e que, portanto, é bem mais seguro basear-se em fontes oficiais da qualquer denominação religiosa que se esteja questionando.
Para saber que os escritos de Ellen White não foram “adulterados” como alegam alguns fanáticos, bastaria uma leitura do artigo de Alberto R. Timm, intitulado “Teriam alguns líderes da Igreja adulterado os escritos de Ellen White para advogar a doutrina da Trindade?”, publicado na Revista do Ancião de outubro a dezembro de 2005, para saber que “a alegação de que a liderança da Igreja Adventista tenha inserido nesses escritos o conceito da Trindade é uma falsa acusação, não endossada por uma análise honesta dos textos originais de Ellen White”. O artigo está disponível no site do Centro de Pesquisas Ellen G. White e pode ser lido aqui.
INSISTÊNCIA NO USO DE FONTES SECUNDÁRIAS
Não menos grave foi a atitude do MCA em citar o artigo do blog calvinista Cinco Solas, por demais tendencioso em sua “pesquisa” que em nada contribuiu para uma discussão objetiva sobre o assunto. Isso fica evidente já no terceiro parágrafo da fonte secundária mencionada, onde o autor aleg sobre os pioneiros antitrinitarianos: “Se alguém dissesse [que] “todos os pioneiros” [não criam na Trindade] não erraria muito”. Ora, isso é por demais tendencioso quando se manuseia com responsabilidade documentos históricos.
O fato de a maioria dos principais escritores serem antitrinitarianos naquela época não indica que aquele era o posicionamento da igreja, pois, não existia qualquer tipo de “credo” votado em comissão devidamente nomeada. Um simples estudo da história das crenças fundamentais adventistas revela que a primeira declaração de crenças fundamentais adventistas a ganhar um status oficial elaborada foi trinitariana, redigida por F. M. Wilcox em 1931.
É mais que natural que numa denominação em que os diversos pensamentos sobre o assunto fossem respeitados, a igreja como um todo esperasse por mais tempo para formalizar uma declaração oficial, até obter mais luz pelo estudo da Bíblia e pela revelação do Espírito Santo (Cf. Pv 4:18; Jo 16:12).
O convívio entre tais pessoas, longe de ser uma transgressão à orientação de Paulo em Tito 3:10, 11, como alega o MCA, é evidência clara da tolerância cristã, enquanto as pessoas estão crescendo em seu conhecimento doutrinário e no relacionamento com o Salvador:
“Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós” (Cl 3:13)
Tolerar não é o mesmo que comungar com uma heresia.
Tenho curiosidade em saber como o MCA veria a atitude de Cristo em comungar com pecadores, mesmo ele não comungando com seus pecados e heresias: “Estando Jesus em casa, foram comer com ele e seus discípulos muitos publicanos e pecadores. Vendo isso, os fariseus perguntaram aos discípulos dele: ‘Por que o mestre de vocês come com publicanos e pecadores?’ Ouvindo isso, Jesus disse: Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Vão aprender o que significa isto: ‘Desejo misericórdia, não sacrifícios’. Pois eu não vim chamar justos, mas pecadores”. (Mt 9:10-13).
Ao ler-se a resposta do MCA, na qual Ellen White é acusada maldosamente por “conviver com antitrinitarianos”, qualquer leitor pode pensar que, se Cristo vivesse em nossos dias aqui nesse mundo, também seria acusado por tais apologistas, que demonstram o mesmo espírito preconceituoso dos fanáticos fariseus.
Os apóstolos também não nasceram sabendo que o evangelho não deveria ser pregado só aos judeus (veja-se At 10 e 11). Se Deus foi paciente com eles, por que não o seria com os pioneiros adventistas e outros cristãos sinceros de outras confissões religiosas, que estiveram amadurecendo seus conceitos teológicos?
Acusar maldosamente aos pioneiros adventistas que sabiam conviver bem com os irmãos que não partilhavam da mesma crença na Trindade, só revela o espírito nada cristão de certos apologistas que poderiam, no auge da arrogância humana, chamar até mesmo os apóstolos de Cristo de desonesto, por conviver durante um tempo com diversos tipos de pessoas e com os apóstolos, que não julgavam ser merecedores da salvação aqueles que não fossem judeus como eles.
Não fica difícil concluir que o MCA repetiu a postura tendenciosa do blog Cinco Solas. Um dia, quem sabe, tudo o que foi escrito sobre o assunto no já mencionado blog calvinista, mereça uma resposta abrangente. No momento, darei sequência à conclusão desse artigo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O MCA desafiou-me a colocar no blog o link para o acesso ao livro de Walter Rea, intitulado The White Lie (A Mentira Branca), onde ele aponta os supostos “plágios” de Ellen White. Em primeiro lugar, o blog do “Na Mira da Verdade” não é um propagador de heresias (mesmo que, inevitavelmente, isso aconteça de vez em quando, ao dar-se respostas aos críticos). Em segundo lugar, já informei a fonte e a resposta dada em 1982 a tantas bobagens que Rea escreveu.
Não irei desafiar aos leitores do mesmo modo que o fez o MCA por que respeito a todos e não pactuo desse tipo de discussão desafiadora, que não leva muito longe e que pode trazer mais rancor entre os que debatem do que uma boa amizade cristã. Por isso, ao invés de desafiar, darei apenasconselhos. O primeiro deles é que seja feita uma leitura comparativa entre a obra de Rea e a resposta da Igreja Adventista, a respeito dos “plágios” em Ellen White.
Sugiro que seja dada uma resposta ao documento preparado pela equipe do Patrimônio White em parceria com o Instituto de Pesquisas Bíblicas e a Associação Ministerial da Associação Geral dos Adventistas, intitulado “A Verdade sobre ‘The White Lie’ (A Mentira Branca)”, para que o leitor do MCA possa comprovar por si se o que Rea alegou é verdadeiro ou não, e até que ponto a compreensão dele sobre o processo de Inspiração de um profeta o confunde totalmente em sua análise. (Na compreensão de Rea, a inspiração seria verbal, apenas).
Também aconselho, ao invés de desafiar, que o MCA analise a declaração inicial escrita pela própria Ellen White no livro O Grande Conflito, disponibilizada no meu artigo anterior, onde ela reconhece o uso de empréstimos literários. Isso por si já ajuda ao pesquisador sincero a diferenciar entre “empréstimo literário” e “plágio desonesto”. Se ela fosse “plagiadora”, não teria recomendado em certas ocasiões que os irmãos lessem as obras dos autores que ela utilizava.
Se essa citação introdutória do livro supracitado não for suficiente, o MCA poderá ler o relatório de 27 páginas do advogado Vincent L. Ramik, especialista em casos que envolvem direitos autorais, patente e marca registrada. Sugiro que o link desse trabalho seja disponibilizado pelo MCA aos seus leitores, para que conheçam as conclusões do especialista que, após minuciosa (e profissional) pesquisa dos escritos de Ellen White, concluiu: “Ellen White não foi uma plagiarista, e seus trabalhos não constituíram infração de direitos autorais/pirataria”. O relatório completo do advogado pode ser encontrado clicando aqui. O material em espanhol é intitulado no referido site como “El informe de Ramik: memorandum de la ley; derechos de propiedad literaria de 1790 a 1915”.
No site do MCA há o correto conceito de que “Apologética é Evangelização”. Porém, considerando: (1) o espírito belicoso de seus responsáveis, (2) a negligência no uso de fontes primárias, (3) o desvio de foco, para que o leitor não perceba os erros cometidos, (4) a tendenciosidade, (5) o uso de fontes secundárias e (6) a desconsideração às respostas adventistas dadas aos críticos de Ellen White, o leitor poderá questionar se realmente o MCA está evangelizando pessoas por meio da apologética.
Porém, sendo que meu propósito não é entrar a fundo nessa questão, encerro minha resposta, dando-me o direito de não mais responder a qualquer apologista, a menos que este seja educado em sua forma de expor suas ideias (2Tm 2:24-26), manifestando tolerância cristã (Cl 3:13), real interesse pela verdade (Jo 7:17) e evidente abandono do pecado condenado pelo Decálogo em Êxodo 20:16: “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.”
[Livro Na Mira da Verdade. Acesse: www.leandroquadros.com.br]
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