quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Aceitando o chamado – Missionários em terras distantes


O caminho foi longo e doloroso, como comentei no texto anterior, nossa escola foi o sofrimento. Passamos mais de 1 ano orando, buscando uma comunhão intensa para conseguir entender a vontade de Deus para nossa vida. Passamos por muitas provas, mas persistimos em oração mesmo em meio a situações aparentemente sem solução.
Passamos também por um momento especial de comunhão entre cônjuges até sentirmos ambos o mesmo chamado da parte do Senhor. Essa é uma parte delicada que requer muita oração e amor, afinal, cada um tem um tempo para receber o seu chamado pessoal de Deus.
Em alguns momentos seguimos caminhos que pareciam estar de acordo com a vontade de Deus, mas que no fim não se concluíram. Deus estava treinando nossa persistência, paciência e fé.
Na escola do sofrimento aprendemos abnegação e a simplificar nossa vida ao máximo possível. Aprendemos a viver com pouco dinheiro, descartar os supérfluos e procurar sempre os produtos mais baratos e de melhor qualidade. Diminuímos nossas contas, os objetos de nossa casa e começamos a controlar nosso dinheiro de forma mais efetiva. Eliminamos todas nossas dívidas fazendo um plano. Aprendemos na Bíblia que a única coisa que devemos dever é o amor ao próximo. Depois de aceitarmos essa verdade buscamos eliminar todas as dívidas da nossa vida. Ter a sensação de dever apenas o amor é um dos melhores sentimentos do mundo.
No meio desse processo Deus nos mostrou muitas coisas no nosso caráter que devíamos mudar. A primeira foi perdoar nossos inimigos, todos que nos magoaram ou que magoamos. Foi um desafio, mas passamos por esse processo e foi uma vitória em Cristo. Aprendemos também a não reclamar pelo silêncio de Deus ou pela situação desconfortável em que estávamos. Começamos a agradecer e a louvar mesmo em intensa dor, e sentimos a paz que Deus poderia nos dar.
Deixamos também para trás tudo aquilo que de alguma forma não agradava a Deus. Claro que ainda estamos nesse processo, mas deixamos muitas coisas como a televisão, filmes, livros, músicas e outras coisas como adornos pessoais e vestuários inapropriados.
Com o tempo a voz de Deus foi se tornando mais audível e mais claro o centro de Sua vontade. Estudamos muitos livros como “Vida no Campo”, “Conselhos sobre Regime Alimentar”, “Eventos Finais”, “Conselhos sobre Saúde”.
Depois de algumas tentativas de ir para o campo, entendemos que não era essa a vontade de Deus. Uma amiga estava tentando ir para um colégio para médicos-missionários nos Estados Unidos. Animamo-nos com a ideia e preenchemos os formulários. Esperamos por meses, fizemos muitos exames médicos e recebemos muitas ligações telefônicas, mas novamente Deus parecia estar dizendo não. Nesse tempo de grande angústia, conhecemos um casal de missionários vindos da Colômbia, que estão fazendo um lindo trabalho no sul de Minas Gerais. Eles nos convidaram para ir a Venezuela, para um colégio de médicos-missionários, com o objetivo de aprender o trabalho de todos os setores e fazer o curso. Oramos ao Senhor e em uma semana recebemos a resposta positiva que nos receberiam no início do mês de julho.
Antes da resposta final do colégio, Deus nos pediu o passo de fé. Meu esposo pediu demissão do emprego e começamos a vender nossas coisas antes da confirmação. Deus abençoou muito nossa decisão e conseguimos vender todos os móveis em 15 minutos de anúncio pela internet, e conseguimos doar nossas 3 gatas adultas em 24 horas. Todas as coisas se encaixaram de forma perfeita. Os ataques de Satanás continuaram, mas fomos firmes nos nossos propósitos e recebíamos a bênção de Deus pela paciência e fé.
Conseguimos comprar nossa passagem aérea com um ótimo desconto, mas ficaríamos em stand-by, ou seja, esperando até o último momento 2 assentos vagos no avião para embarcarmos. A maior aventura foi comprovar que só havia um voo por dia para a Venezuela, ou seja, se não conseguíssemos embarcar teríamos que esperar 24 horas para tentar novamente.
Fomos para o aeroporto confiantes. Esperamos até o último momento, ficamos numa fila acompanhando a situação do voo de 5 em 5 minutos. Muita ansiedade, cansaço e vontade de embarcar. Foi muito difícil ouvir da funcionária que só havia um lugar vago no avião. Teríamos que esperar até o próximo dia. Chorei ao ter que remarcar a passagem, mas senti a paz de Deus mesmo em meio ao cansaço extremo.
Guardar as malas no aeroporto era quase impossível, o preço era totalmente exorbitante. Conseguimos, por Deus, um desconto num hotel da região, que sairia mais barato do que guardar as malas e voltar no outro dia.
No dia seguinte estávamos ansiosos, esperando a confirmação do embarque. Ao contrário do dia anterior, entramos na fila de check-in e logo pesaram nossas malas e nos confirmaram os lugares no avião. Que sensação maravilhosa! Agora poderíamos respirar! Senti uma paz tão grande, que meu medo de avião simplesmente desapareceu. Sabia que estava no voo certo e no momento certo para chegar a Caracas.
No avião que embarcamos havia um casal ao meu lado, a esposa estava lendo uma biografia do conhecido neurocirurgião Ben Carson. Fiquei curiosa pois o livro foi publicado pela Casa Publicadora Brasileira (Editora dos Adventistas do Sétimo Dia). Perguntei se a mulher era adventista, e ela me disse que não, mas que já conhecia a igreja. Conversamos durante quase todo o voo. Falei muito de Deus, sobre a dieta vegetariana, sobre o Portal Tudo para Vegetarianos e sobre a volta de Jesus. Nesse momento pude entender porque perdemos o voo do dia anterior; Deus tinha um plano especial para esse encontro. Trocamos e-mails e nos despedimos.
Ao chegar em Caracas, no momento de passar as minhas malas pelo raio-x procurei meu esposo e não o encontrei, ele simplesmente havia sumido. Estávamos cansados, com muita fome e sede, e havia um senhor, do lado de fora, nos esperando para nos levar até o colégio. Quase 10 minutos se passaram. Eu não entendia as pessoas do aeroporto e não conseguia avistar meu esposo. Entrei num momento de desespero e oração. Estava num país estranho e havia perdido meu esposo.
Depois de 10 minutos ele apareceu dizendo que os funcionários do aeroporto o encaminharam para uma nova fila para a revisão das malas. Decidimos que eu sairia para o desembarque e procuraria o senhor do colégio e esperaríamos até a revisão acontecer.
Saí pela porta de desembarque carregando minhas malas pesadas, não achei o senhor e fiquei encostada num pilar por 30 minutos, até avistar um homem com um papel dobrado onde estava escrito “Jul..”. Finalmente achei o senhor!
Esperamos meu esposo por mais 4 estressantes e cansativas horas. Não possuía a moeda do país para comprar comida ou água, não conseguia ver meu esposo e não podia voltar para a parte da revisão das malas. Os diretores do colégio ficaram preocupados com a demora e estavam com medo de pedirem dinheiro ao meu esposo para liberar as malas. Entraram em contato com o consulado do Brasil na Venezuela. Falei em português com o funcionário que me acalmou me explicando os procedimentos do país. Que sensação maravilhosa falar com alguém que me entendia. Fiquei mais calma e confiante. Logo encontrei meu esposo, dormimos na casa da filha desse senhor e no dia seguinte seguimos para o colégio, 5 horas de carro de Caracas.
Deus realmente cuida de nós em todos os detalhes! Que Deus maravilhoso! Esse é apenas o começo das aventuras de dois missionários em terras distantes, aprendendo cada dia mais e buscando servir ao Senhor de todo o coração! Até a próxima!

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