Estou lendo sobre os mártires cristãos da reforma, na Idade Média, e pensando na disposição deles em sofrer e morrer por uma causa. Sempre admirei pessoas que têm uma razão forte o bastante para viver e mais ainda, para morrer. É que anda raro este tipo, ultimamente. Não sou masoquista não, nem vibro com a morte. Acho mesmo que não nos é natural esta coisa de acabar, como quem sai da própria festa e deixa os convidados lá, sozinhos.
É que reina uma apatia crônica e doentia que pasteuriza uma geração. Talvez duas ou três. No último século se pode contar algumas causas pelas quais valia a pena lutar. Foram duas guerras ocidentais, algumas reformas nos costumes e só. Teve também umas ditaduras aqui e acolá. Levaram embora o idealismo, sonhos vibrantes e algo pelo qual morrer. Queria isto de volta, esta vida de verdade que faz cada segundo ser sentido e percebido, sem esvair pelos dedos como água que não se conta as gotas.
Vivemos para consumir e consumimos nossa existência sem viver. Deus já não é o motivo principal, mas um acessório hype e até comercial. O nome de Cristo é invocado em livros e canções, mas já não muda corações, não é o objetivo. Aliás, nada que cerceie nossa própria vontade é recebido bem. Enquanto pop, quero Deus, como senhor de fato, tenho os desejos meus. O quero para me alegrar e confortar, não para me reformar e sigo vazio sem ter para quem a vida dar.
Fonte: fabiana bertotti
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