Brasília, DF ... [ASN] Nessa semana, meios de comunicação do mundo inteiro divulgaram a descoberta de um papiro, revelado pela professora americana Karen King, que supostamente menciona a existência da esposa de Jesus. A pesquisadora da Escola de Teologia de Harvard revelou a existência do papiro cristão copta do século IV que contém a frase "Jesus disse a ele, minha esposa". Durante congresso sobre estudos coptas, a especialista falou da teoria de que os antigos cristãos acreditavam que Jesus era casado. Ela enfatizou que o papiro em questão não prova que Jesus tenha sido casado, mas levanta a questão desse suposto casamento.
Argumentos - O doutor Rodrigo Silva, professor no Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp – campus Engenheiro Coelho), doutor em teologia, especialista em arqueologia bíblica e doutorando em arqueologia pela USP, comenta, em entrevista originalmente publicada no blog Criacionismo, do jornalista Michelson Borges, que concorda com a estudiosa de Harvard, porém “minha única nota de ceticismo fica por conta da afirmação taxativa da autora de que esse é o texto mais antigo a mencionar que Jesus teria uma esposa. As razões do receio nesse ponto são simples: primeiramente temos de acentuar que o texto encontrado data do 4º século d.C. É, portanto, conjectural a afirmação de que se trata de uma tradução de outro texto grego original mais antigo e que esse dataria do segundo século. Não há evidências adicionais para afirmar ou desmentir essa tese; é uma possibilidade, não certeza absoluta. Segundo: ainda que esse texto provenha do grupo de textos apócrifos surgido no 2º século, ele não pode ser considerado o mais antigo apenas por mencionar explicitamente a expressão “minha esposa”. Afinal, outros textos, como “o evangelho de Felipe”, ainda que de modo indireto, dão a entender que teria havido alguma relação marital entre Jesus e Maria, e não temos meios de saber qual seria mais antigo”.
O especialista explica, no entanto, que não há nada na descoberta que ameace a maneira como os cristãos enxergam Jesus Cristo. E tampouco que esse tipo de menção seja desconhecido pelos teólogos cristãos. “Na verdade, o que temos é o eco de um grupo de cristãos dissidentes (a maioria da cidade de Alexandria, no Egito) que criaram um movimento chamado gnosticismo. A maioria dos especialistas acredita que esse movimento surgiu no fim do primeiro século, início do segundo. Alguns poucos autores, no entanto, estão começando a sugerir que raízes gnósticas já poderiam ser vistas nos dias de Paulo! Seja como for, era um movimento marginal e não a voz tradicional da Igreja Cristã primitiva”.
É possível ler a argumentação completa do doutor Rodrigo Silva em http://www.criacionismo.com.br/2012/09/jesus-tinha-esposa-ou-midia-e.html [Equipe ASN, Felipe Lemos]
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