terça-feira, 10 de setembro de 2013

Moisés copiou os relatos babilônicos e adaptou-os para elaborar o livro de Gênesis?

Bíblia_abertaO amigo e ex-ateu Rafael Schroder certa vez deu uma linda entrevista, contando de sua trajetória do ateísmo para o cristianismo. Para lê-la, clique aqui.
Atualmente, ele mantém o blog www.ultimolivro.blogspot.com.br e tem realizado um ministério em favor de ateus e agnósticos, que precisam ter a razão iluminada e santificada pela influência sobrenatural e racional do Espírito Santo (Jo 16:8-10; Jo 8:32).
Entre os argumentos que recebeu, e que supostamente desmerecem a Bíblia, gostaria de destacar o último que chegou até ele, expresso mais ou menos com as seguintes palavras:
“O Pentateuco, pelo que eu saiba, tem origem sim em uma compilação prévia [seria uma cópia de outras escrituras com acentuadas semelhanças]. Ele apresenta formas literárias e estilos diferentes (exemplo: duas historias do Gênesis, dois dilúvios) [...]”.
Para esse internauta, a existência de estilos literários diversos pode indicar mais de um autor do livro, confirmando assim a “compilação” feita por Moisés.
Entretanto, isso não é fato.
Em primeiro lugar: é fato que diferentes fontes do relato da criação e do dilúvio existem. Tanto o Gênesis quanto as tradições babilônicas, por exemplo, relatam a criação de forma bastante parecida.
Todavia, a maneira como se interpreta o fato depende do arcabouço teórico e dos pressupostos do indivíduo.
Do ponto de vista da “Alta Crítica”, o Gênesis é o resultado da compilação e adaptação dos relatos de outras nações pagãs. Porém, do ponto de vista dos teólogos conservadores (incluindo arqueólogos), isso não reflete a verdade pelo seguinte motivo: a existência de vários relatos da criação mais parece indicar a existência de um relato original.
Os relatos de Gênesis e dos escritos babilônicos parecem apontar para a origem comum de todas as narrativas, indicando que Moisés, sobre inspiração divina (cf. Lc 17:26-29. Sob a perspectiva de Cristo, Moisés era inspirado e digno de crédito), corrigiu o relato paganizado e secularizado da criação. Isso com o objetivo de informar corretamente que Deus, Javé, é o único Criador e Salvador (Gn 1:1, 2) de toda a humanidade (cf. Zc 8:20-23).
Isso é mais fácil de ser aceito do que a opinião da “Alta crítica”, pois várias culturas antigas, que não tinham contato umas com as outras, apresentaram relatos bem semelhantes. Portanto, tem que haver existido um relato verdadeiro e original para que cada nação, influenciada por seus costumes pagãos, tivesse algo para adaptar (relato da criação e do dilúvio) segundo as convicções religiosas predominantes na época.
Um ateu ou agnóstico pode preferir interpretar os dados da maneira dele. Porém, nós temos ao nosso lado o maior personagem da história e melhor de todos os intérpretes do Antigo Testamento: Jesus Cristo, que cria na literalidade do Gênesis, em sua veracidade histórica e acreditava ser esse livro inspirado por Deus, ao invés dos escritos sumérios (veja Mateus 19:4, 5, onde Ele cita Gênesis 1:27 e 2:24; ver também Lc 17:26-29; 8:37; Jo 5:46, 47).
Em segundo lugar: Os diferentes estilos literários no livro do Gênesis não indicam que ele foi escrito por mais de um autor.  A afirmação da Alta Crítica é bastante improvável porque Moisés era uma pessoa muito culta, criada nos costumes egípcios (Êx 2) e bastante familiarizado com literatura, de modo que poderia adotar mais de um estilo na composição de sua obra[i].
Se na atualidade um mesmo autor pode fazer uso de estilos literários variados, por que Moisés não poderia fazer o mesmo?
Norman Geilser em sua Enciclopédia de Apologética argumenta que “bom autores modernos mudam de estilo e forma conforme desenvolvem sua arte e também para criar efeito. Às vezes eles podem usar formas diferentes numa única obra”[ii].
Como exemplo ele cita C. S. Lewis que escrevia histórias infantis, críticas literárias profundas, análises escolásticas, sátiras alegóricas, ficção científica, narrativa biográfica, disputas e tratados lógicos.
Perceba caro leitor que as objeções dos ateus, mesmo possuindo certa lógica, são totalmente infundadas e irreais, de modo que devemos rejeitá-las por completo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ser humano tem a tendência natural de desculpar seus erros, pressupostos, descrença e indisposição de crescer, através de argumentos que possam “justificar” a própria postura. Isso é evidente na forma como muitos ateus e agnósticos abordam a Bíblia ao se utilizarem da Alta Crítica para entender um Livro (a Bíblia, bem como o livro de Gênesis) que possui seus próprios critérios interpretativos (Jo 5:39, 40; At 17:11), como vemos na disciplina chamada Hermenêutica, que lida com a interpretação do texto[iii].
Além de ir contra a ciência (a disciplina da hermenêutica é baseada em critérios científicos), tal atitude por parte dos que descreem não é saudável, pois é se torna uma pedra no caminho do crescimento, que impede a reciclagem saudável dos próprios conceitos.
Quando estamos com o coração aberto a novos pontos de vista e a novas verdades, expandimos nossa inteligência e poderemos adotar outros pressupostos que nortearão nossa vida, conduzindo-nos à Verdade Absoluta e, finalmente, à aceitação do projeto divino para salvar o ser humano da existência finita (ver Romanos 6:23; Jo 3:16, 36).
Portanto, se você é esta pessoa, pare de fugir dAquele que muito lhe ama (Jr 31:3) e que tem uma mensagem de amor registrada na Bíblia que fará uma diferença enorme em sua vida e que influenciará significativamente até mesmo seu relacionamento com a vida e com as pessoas que lhe cercam. Digo isso por experiência.
Finalizo com um texto para sua reflexão:
“Se vocês cressem em Moisés, creriam em mim, pois ele escreveu a meu respeito. Visto, porém, que não creem no que ele escreveu, como crerão no que eu digo?” (Jo 5:46, 47)







[i] Para maiores informações, veja-se Vanderlei Dorneles em Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 1. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011), p. 181-183.
[ii] Norman Geisler, Enciclopédia de Apologética: respostas aos críticos da fé cristã. (São Paulo: Vida, 2002), p.p. 695, 696.
[iii] Sobre esse assunto, veja-se a obra de Grant R. Osborne, intitulada  A Espiral Hermenêutica: uma nova abordagem à interpretação bíblica. São Paulo: Vida Nova, 2009.

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