quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Um sonho

TEMPO DE REFLETIR – 22 de janeiro de 2014
Meu Deus, não sei como queres que eu seja teu filho, vivendo nesta miséria que a cada dia aumenta, e faz com que minha crença e pobreza sejam alvo de zombaria e desprezo! Como queres que eu seja Teu filho se, todos os dias, na hora da refeição meus filhos fazem uma oração sobre um pequeno e velho pedaço de pão? Meu Deus, o que fazes quando eu e minha família, naquelas noites mais gélidas, deitamos num pequeno pedaço de pano, esticado sobre uma tábua fria no chão?
Como posso eu achar nisto o grande tesouro que Tu prometeste? Como posso eu me considerar premiado, por ser um cristão sincero, se até agora nenhuma riqueza o SENHOR me deu?
Mas foi sobre esta mesma tábua fria que, quando com minha família dormia, um sonho o Senhor me concedeu.
Sonhei que um dia, quando na religião eu não mais cria, maior sorte que esta então teria. Sonhei que um grande prêmio na loto tirava, e pensava, SENHOR, que de Ti não mais precisava. Ah, quão enganado eu estava!
Sonhei também que, no outro dia, cedo, mas bem cedo, a minha velha casa, onde pobre, mas feliz eu morava, era por mim abandonada. Cercado de novos amigos, de gente que só queria o meu bem, para trás e para ela eu já não mais olhei. Dali, com minha família eu saí, pois uma grande casa me esperava, e nesta grande casa um banquete me aguardava. E eu nem reparei que, naquela mesa onde havia só do bom e do melhor, o pão, que muito me havia alimentado, nem sequer havia sido lembrado.
Algum tempo passou e, quando em um de meus carros andava, cheguei à conclusão de que minha mulher já não mais me agradava. Meus filhos, eles também não queria, pois agora, andando de clube em clube, de festa em festa, com carros e grandes barcos de passeio, eles já haviam esquecido, como eu, que um dia com amor formávamos uma família de DEUS.
Quando em minha casa cheguei, somente algumas peças de roupa apanhei e, na luxuosa sala, em prantos, minha companheira de pobreza abandonei. Mas nem reparei que ela chorava, pois em minha cabeça eu só lembrava da boa vida que agora me aguardava. Uma outra casa comprei e uma nova mulher dentro dela coloquei.
Um dia, na rua, uma senhora triste encontrei. Parecia que eu já a conhecia, mas foi quando ela falou que eu me recordei, era minha velha e sofrida mãe, que num barraco deixei.
Ela, com lágrimas nos olhos, me olhou, e a mim uma ousada frase falou: “Tu já não me conheces mais, já te esqueceste dos dias em que deixei de comer para te dar algo melhor, que passei noites em claro, que passei frio, noites a fio, cuidando de ti. Tu, agora, não és mais meu filho, és um monstro que o dinheiro transformou.”
Ah, que raiva eu tive, e, sobre aquele magro e enrugado rosto, uma pesada bofetada lancei. Logo depois, um guarda me pegou e dali ele me levou. Disse que eu seria preso por agressão; mas quão bondoso ele ficou quando viu um monte de dinheiro sobre a sua mão. Imediatamente fui solto e, quando pelo mesmo caminho retornava, a mulher, em pratos, o seu rosto enxugava. Novamente tive vontade de esbofeteá-la, mas estava tão suja, que nem chegar perto dela eu ousava. Mas, com raiva, o guarda eu chamei e, por mendigar, aquela mulher para a prisão mandei.
Saí dali e fui para casa, mas eu não esperava que lá o meu reinado no seu fim chegava, pois a mulher que era minha nova companheira foi embora, levando com ela todo o dinheiro que tinha, para gastar a vida inteira.
Mas ainda me restavam os carros e a casa. E foi com o dinheiro deles que minha maior desgraça apenas começava. Pois foi certa noite, numa boate famosa e com a cabeça cheia de álcool que, por uma mulher da vida, minha existência eu arrisquei. Meti-me em uma briga e, no meio dela, sob forte estampido, senti-me ferido, enquanto uma bala em meu corpo penetrava. Já medicado no hospital, entre o sofrimento e a dor, é que me lembrei de minha mãe e de minha companheira. Porém, agora delas somente a lembrança restava. Quando novamente usufruí saúde, aquela lembrança em minha mente já apagada estava.
E foi entre o jogo e a bebida que fiquei pobre, outra vez, na vida. Já com fome, e sem meus grandes amigos de bar, resolvi para minha mulher e meus filhos voltar. E foi entre tombos e tropeções que para lá me dirigi. Quando lá cheguei, encontrei em prantos aquela que era a mãe dos meus filhos. E ela, entre soluços, me falou: “Tu destruíste a minha vida, me abandonaste na riqueza, e já te esqueceste o quanto éramos felizes na pobreza. Meus filhos, já não sei por onde andam, provavelmente perdidos por estes caminhos da vida. Mas agora, estou mais consolada, sabendo que és mais infeliz do que eu.”
Saí dali e fui para um bar, para lá minhas mágoas afogar, e, por ironia da vida, fui preso por beber, pelo mesmo guarda que um dia paguei para minha mãe prender. Fiquei na cadeia alguns dias, e lá encontrei, em um canto da minha prisão, um pequeno pedaço de pão, que voltou novamente a saciar a minha fome. E foi lá, também, que minha mãe encontrei, abandonada e esquecida em um banco da prisão. Seus olhos fundos, marcados pela fome, mal puderam derramar umas últimas lágrimas ao me ver. E seu pranto começou a penetrar em meu cérebro, que parecia querer estourar.
Foi aí que acordei do meu sonho, entre prantos e soluços. E quão feliz fiquei, porque minha família, junto de mim, encontrei! E graças a este sonho, meu amado DEUS, é que, de hoje em diante, vivo como verdadeiro filho TEU. Com toda a minha pobreza, ninguém, meu DEUS, ninguém no mundo, é mais rico do que eu!

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