TEMPO DE REFLETIR – 12 de fevereiro de 2014
O rapaz da roça mudou-se para São Paulo. Só tinha o Primário. Arranjou emprego. Fez o supletivo de primeiro e segundo graus. Entrou numa universidade. Deu duro. Formou-se em Medicina. Casou-se com uma moça educada e rica. Voltou para ver os pais no interior. Todos perceberam que ele não mudou nada. Era o mesmo homem de sempre. Não se envergonhava da pobreza dos pais. Não deixou de amá-los. Não se envaideceu. Não guardou distância de ninguém.
A mocinha professou a fé em Jesus há dez anos. Formou-se em Economia Doméstica e foi trabalhar em extensão rural. Esteve no interior, em cidades onde não havia igreja cristã. Depois, ganhou uma bolsa e foi para a Europa estudar mais. Lá havia igrejas e não poucas. Mas sem jovens: só velhos. Sem dúvida: só formalismo. Sem exposição bíblica: só erudição e cultura. Com os títulos de mestrado e doutorado na mão, voltou ao Brasil. Voltou para a cidade de origem, para a igreja onde professou a fé, para a Universidade onde se formou e da qual seria agora professora. A igreja inteira matou as saudades e percebeu que ela não mudou nada. Era a mesma jovem de dez anos atrás, no trato, na fé, na conduta.
O marido foi convocado para a guerra. Viajou para o Vietnã. Expôs-se ao perigo, à morte, aos horrores da guerra. Sofreu na carne o problema da solidão. Sentiu falta da esposa. Chegou bem perto da droga. Foi assediado pelo pecado. Depois de dois anos, voltou. A mulher, no Texas, esperava-o medrosa, preocupada, desconfiada. Mas não havia razão alguma, ela logo percebeu. O marido não mudou nada. Ainda a amava. Guardou-se para ela. A filhinha de sete anos abraçou o pai e disse à mãe: “Mamãe, papai não mudou nada!” De fato ele era o mesmo de sempre.
Jesus foi assunto aos céus. Desde então está à direita de Deus. Vinte séculos nos separam dele. Não o vemos desde a ascensão. Ele ainda não voltou. Nossa geração não o conhece pessoalmente. Temos nos ligado a Jesus a partir das informações das Escrituras e, depois por meio do relacionamento puramente espiritual que mantemos com Ele. A pergunta é grave e pertinente: o Jesus de hoje é o mesmo Jesus dos Evangelhos? Mas a resposta também é exata e definitiva: “Jesus Cristo ontem e hoje é o mesmo, e o será para sempre” (Hebreus 13:8).
Importa-me alguma coisa Jesus não ter mudado nada? É claro que sim. Isso me afeta profundamente: me anima, me conforta, me encoraja, me dá segurança. Se Jesus, ontem, conhecia a todos, como os Evangelhos mostram sobejamente (Jo 1:47-50, 4:17-18; Luc 7:39-50; 19:5), hoje Ele me conhece também: meu nome, meus problemas, minhas angústias, minhas dúvidas, meus temores, meus pecados e até minhas incógnitas. Se Jesus, ontem, se condoía do sofrimento humano (Mt 9:36; 11:28; 14:14; 20:34), hoje, mesmo na glória do Pai, Ele é capaz de condoer-se dos ignorantes e dos que erram: “Não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas” (Hebreus 4:15, 5:2). Se Jesus, ontem, amava profundamente ao ponto de dar a sua vida pelas ovelhas (João 10:11; 15:13), hoje Ele ainda ama e com a mesma intensidade. Se Jesus, ontem, transformava os pescadores de peixe em pescadores de homens, os boanerges em mestres de amor e tolerância, a mulher samaritana e outras mulheres em exemplos de piedade, hoje Ele continua transformando todo aquele que aprende com Ele e toma o Seu jugo (Mateus 11:29). Jesus não mudou nada. Ontem e hoje é o mesmo. E o será para sempre! Quando Ele voltar, nós o reconheceremos logo e ficaremos muito à vontade diante dEle!
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