terça-feira, 6 de outubro de 2015

Visões extremistas, movimentos dissidentes e falta de unidade na igreja


O pastor Erton Köhler, presidente da Igreja Adventista para oito países sul-americanos, publicou um artigo na edição de outubro da Revista Adventista, com um apelo específico para o equilíbrio na divulgação da mensagem bíblica. Mensalmente o líder adventista escreve para a revista, mas nessa edição a abordagem foi a respeito da necessidade de um cuidado com visões extremistas, movimentos dissidentes e a falta de unidade.

Em determinado trecho Köhler assinala que “o inimigo sabe que, nestes últimos dias, precisamos de uma igreja forte, sólida e integrada para cumprir a missão e preparar um povo para o encontro com o Senhor. Quanto mais nos dividimos, mais nos distraímos e enfraquecemos”.

Leia abaixo o artigo na íntegra intitulado Respeito, Tristeza e Esperança.

RESPEITO, TRISTEZA E ESPERANÇA

CRIAR PEQUENOS GRUPOS INDEPENDENTES NÃO É UMA ESTRATÉGIA DE DEUS

“Não sei mais o que fazer para ajudá-los”. Esse foi o clamor de um pastor ao falar sobre jovens que haviam formado um grupo oração. Eles começaram com boas intenções, mas perderam o equilíbrio, tornando-se místicos e críticos, achando-se superiores ao restante da igreja. “Tentei aconselhá-los, mas fui ridicularizado, tratado como liberal e chamado de representante de Laodiceia”, o pastor concluiu.

Em geral, esses grupos surgem com boas intenções, mas infelizmente perdem o rumo, adotando interpretações independentes ou sendo dirigidos por líderes que misturam carisma e falta de equilíbrio. Por fim, afastam-se do corpo da igreja. Quando isso acontece, o que poderia ser uma bênção acaba gerando divisão, discórdia e fanatismo. Deus não trabalha dessa maneira.

O inimigo sabe que, nestes últimos dias, precisamos de uma igreja forte, sólida e integrada para cumprir a missão e preparar um povo para o encontro com o Senhor. Quanto mais nos dividimos, mais nos distraímos e enfraquecemos. Estamos atuando para fortalecer nossa teologia, buscar um reavivamento espiritual e manter a unidade de uma igreja tão diversa. É mais fácil identificar as falhas nesse processo e criticá-lo do que liderá-lo. A dissidência ou independência consome as energias da igreja, tira seu foco da missão e acaba nos distanciando da grande esperança que deveríamos anunciar. Quando isso acontece, tenho três fortes sentimentos: respeito, tristeza e esperança.

Respeito os envolvidos com esses grupos, pois não há outra atitude cristã para tratar divergências. Minha visão é redentiva, sempre esperando que voltem ao caminho original, como tem acontecido com outros grupos semelhantes. O respeito também me ajuda a lembrar que descer ao mesmo nível do erro para tentar corrigi-lo é repeti-lo.

Vejo com tristeza a maneira como essas pessoas perdem a capacidade de enxergar a realidade e ouvir conselhos. Alguns estão sempre envolvidos em grupos extremistas. Porém, há gente sincera sendo manipulada por líderes carismáticos, criticos e independentes. Minha tristeza aumenta ao ver que muitos desses grupos ficam apenas girando ao redor da igreja, sem nenhum compromisso com a missão e esgotando as forças de seus líderes e pastores.

A maioria tem visão estreita, falando de um tema só. Ou insistem apenas na aparência pessoal, ou música, ou alimentação, ou eventos finais, ou Trindade, ou perfeccionismo, ou dinheiro (e a lista poderia ser longa). Não entendem que a vida cristã é ampla e resultado da integração de muitos temas, fundamentados na graça de Deus.

Também sinto tristeza ao ver como atacam os demais para defender o que creem. Essa atitude revela suas verdadeiras intenções e mostra que não têm amor nem o espírito de Cristo. Não podemos nos esquecer de que “os que não aprendem a viver em harmonia neste mundo nunca estarão unidos no Céu” (Ellen G. White, Exaltai-o!, p. 357).

Tal cenário difícil, porém, me traz esperança, pois fortalece a percepção de que o momento difícil causado por esses grupos não vai fragilizar ou dividir a “menina dos olhos de Deus”. Grupos assim, na verdade, não se levantam contra a igreja e seus líderes, nem apenas seduzem pessoas inocentes, mas agem contra o próprio Deus ao criar confusão e discórdia, destruir a unidade, enfraquecer a missão e distrair líderes e pastores de seu foco principal. Deus permite que surjam, atuem e revelem suas verdadeiras intenções, e então ele resolve a situação. Não precisamos temer, pois “as provações da vida são obreiras de Deus, para remover de nosso caráter impurezas e arestas” (Ellen G. White, Beneficência Social, p. 20).

Temos muitas limitações, mas não estamos acomodados. Trabalhamos para crescer em todas as áreas pelo poder de Deus, apoiados pela intercessão e dedicação de membros fiéis e pastores comprometidos. Porém, os desafios são muito maiores do que a simplicidade de alguns possa imaginar. Nossos olhos não estão concentrados nos problemas, e sim nas oportunidades que Deus nos dá.

Não é sábio gastar energias, tempo ou recursos para combater esses grupos. Isso só produz distração. Nosso foco precisa estar na missão e em levar a igreja de volta à Palavra. Em meio a tudo isso, precisamos ter em mente estas palavras de Ellen White em Atos dos Apóstolos (p. 12): “Fraca e defeituosa como possa parecer, a igreja é o único objeto sobre que Deus concede em sentido especial sua suprema atenção. É o cenário de sua graça, na qual se deleita em revelar seu poder de transformar corações”.


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