Introdução
O objetivo deste estudo é apresentar as dificuldades envolvidas na fixação do ano 457 A.C. como o sétimo ano do rei Artaxerxes, considerado o ponto de partida dos períodos proféticos de Daniel 8 e 9. Esse assunto tem gerado acirrados debates nos círculos teológicos, motivando a produção de muitos artigos e livros. Do material escrito sobre o tema, destaca-se a obra de Lynn H. Wood e Siegfried H. Horn, intitulada The Chronology of Ezra 7. Apesar do grande empenho de Horn para oferecer subsídios em prol da data 457 A.C., não havia dados suficientes que permitissem a eliminação de todas as dúvidas pertinentes ao assunto, o que o levou a reconhecer que “para Artaxerxes I, essa incerteza ainda existe em um certo grau”. Despindo-se de todo tipo de ufanismo, o qual fecha os olhos para a realidade dos fatos, deve o investigador sincero reunir ao seu redor todos os dados favoráveis e desfavoráveis à sua posição, buscando, através de um método científico, solucionar com honestidade os problemas.
Carência de Informação Bíblica Quanto à Data do Decreto
A despeito das afirmações de eminentes escritores sobre o assunto, Esdras 7 não fornece a data em que o decreto de Artaxerxes foi expedido. O sétimo ano mencionado em Esdras 7:7-9 não se refere à assinatura da ordem e, sim, ao retorno de Esdras. Segundo o registro bíblico, “Esdras chegou a Jerusalém no quinto mês, no sétimo ano do rei Artaxerxes; pois no primeiro dia do primeiro mês partiu de Babilônia, e no primeiro dia do quinto mês chegou a Jerusalém, segundo a boa mão do seu Deus sobre ele.” Esdras 7:8 e 9.
O problema gerado pela inexistência de indicação escriturística para a própria data do decreto pode ser agravado ainda mais se o calendário babilônico-persa for tomado como base de cálculo. Iniciando o ano no mês de Nisan, o calendário babilônico faria a viagem de Esdras começar no primeiro dia do ano, não deixando nenhuma margem para que o decreto fosse expedido dentro do sétimo ano de Artaxerxes. É importante lembrar que Esdras só pôde reunir sua expedição em virtude do decreto do rei. Não seria viável que a assinatura da ordem, os preparativos para a viagem e o início da própria viagem se concentrassem num único dia. Isso faria a data do decreto cair em algum ponto anterior na linha do tempo, como, por exemplo, o sexto ano daquele rei.
Por outro lado, mesmo que se tome o sétimo ano de Artaxerxes como a data do decreto, certas dificuldades técnicas impedem a localização inequívoca desse ano na escala A.C. – A.D., o que será demonstrado a seguir.
O Sétimo Ano do Rei Artaxerxes – Problemas de Calendário
Não são poucos os pesquisadores das profecias que têm se debruçado sobre enciclopédias e compêndios de História à procura de referências a 457 A.C. como o sétimo ano do rei Artaxerxes. Qual a desilusão e o embaraço de muitos desses pesquisadores ao encontrar, em lugar de 457 A.C., a data de 458 A.C.. Desconhecendo os pormenores técnicos envolvidos, imaginavam que alguns poucos volumes de História Universal pudessem resolver o problema; mas, ao invés disso, ficam decepcionados e confusos ao encontrar uma data diferente da que lhes tinha sido ensinada; e, não se deve subestimar tal decepção, pois, se a data inicial dos períodos proféticos de Daniel 8 e 9 estiver errada, todo o restante do cálculo também estará e o início da purificação do Santuário Celestial no ano de 1.844 A.D. não passará de mera fantasia.
1) O Sétimo Ano do Rei Artaxerxes no Calendário Egípcio
Ao contrário do que bons e sinceros expositores das profecias fizeram crer no passado, o Cânon de Ptolomeu não favorece a data 457 A.C.. Na verdade, a listagem de Ptolomeu coloca o sétimo ano de Artaxerxes entre 16 de dezembro de 459 A.C. e 15 de dezembro de 458 A.C.. Como Esdras saiu de Babilônia no primeiro dia do primeiro mês (Nisan) e chegou a Jerusalém no primeiro dia do quinto mês (Ab), sua jornada ocorreu, segundo o calendário egípcio, em 458 A.C..
2) O Sétimo Ano do Rei Artaxerxes no Calendário Babilônico-Persa
No calendário babilônico-persa, o ano começava na primavera do hemisfério norte, no mês de Nisan, que correspondia aproximadamente ao final de março e ao começo de abril. Dessa forma, o primeiro dia do ano babilônico era o dia primeiro de Nisan.
A obra Babylonian Chronology, de Richard Parker e Waldo Dubberstein, publicada em 1.956 A.D., faz referência a um tablete do período helenístico que localiza a morte de Xerxes, pai de Artaxerxes, em agosto de 465 A.C.. Esse documento é conhecido como LBART 1.419, pois aparece traduzido em Late Babylonian Astronomical and Related Texts, de Abraham J. Sachs.
Fixando a morte de Xerxes em 465 A.C., o ano de ascensão de Artaxerxes avança até a primavera de 464 A.C.. Assim, seu primeiro ano completo de reinado começa em primeiro de Nisan de 464 A.C. e termina na primavera de 463 A.C.. Seguindo a progressão, como está demonstrado no gráfico abaixo, o sétimo ano se estende da primavera de 458 A.C. à primavera de 457 A.C., fazendo a viagem de Esdras cair no verão de 458 A.C..
3) O Sétimo Ano do Rei Artaxerxes no Calendário Civil Judaico.
O calendário judaico admitia 2 sistemas paralelos para o cômputo do ano: o religioso e o civil. Pelo esquema religioso, o ano começava na primavera, à semelhança do calendário babilônico-persa. Pelo esquema civil, o início do ano caía no outono, em primeiro de Tishri (setembro/outubro), embora a numeração dos meses sempre seguisse o sistema começando na primavera.
Sistema Religioso
Judaico |
Calendário
Juliano |
Sistema Civil
Judaico |
1) Abib-Nisan
|
Março/Abril
| |
2) Zif-Iyar
|
Abril/Maio
| |
3) Sivan
|
Maio/Junho
| |
4) Tammuz
|
Junho/Julho
| |
5) Ab
|
Julho/Agosto
| |
6) Elul
|
Agosto/Setembro
| |
7) Ethanin-Tishri
|
Setembro/Outubro
|
7) Ethanin-Tishri
|
8) Bul-(Mar)Heshvan
| Outubro/Novembro |
8) Bul-(Mar)Heshvan
|
9) Kislev
|
Novembro/Dezembro
|
9) Kislev
|
10) Tebeth
|
Dezembro/Janeiro
|
10) Tebeth
|
11) Shevat
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Janeiro/Fevereiro
|
11) Shevat
|
12) Adar
|
Fevereiro/Março
|
12) Adar
|
Março/Abril
|
1) Abib-Nisan
| |
Abril/Maio |
2) Zif-Iyar
| |
Maio/Junho
|
3) Sivan
| |
Junho/Julho
|
4) Tammuz
| |
Julho/Agosto
|
5) Ab
| |
Agosto/Setembro
|
6) Elul
|
Pelo calendário civil dos judeus, o sétimo ano de Artaxerxes poderia ocorrer tanto em 459/458 A.C. quanto em 458/457 A.C., dependendo do momento em que Artaxerxes subisse ao poder.
Como já foi dito, a morte de Xerxes ocorreu em agosto de 465 A.C.. Se Artaxerxes subiu imediatamente ao poder, seu ano de ascensão cobriu apenas o curto período de agosto a outubro (o mês de Tishri começou em 18 de outubro em 465 A.C.) daquele ano. Dessa forma, seu primeiro ano de reinado se estendeu do outono de 465 A.C. ao outono de 464 A.C., fazendo o sétimo ano cair entre o outono de 459 A.C. e o outono de 458 A.C.. A jornada de Esdras teria ocorrido, então, no verão de 458 A.C..
Por outro lado, se, por algum motivo, Artaxerxes só tivesse subido ao trono depois do mês de Tishri, seu ano de ascensão se estenderia até o outono de 464 A.C., o que colocaria seu primeiro ano completo de reinado do outono de 464 A.C. ao outono de 463 A.C.. Isso faria com que o sétimo ano do rei Artaxerxes caísse entre o outono de 458 A.C. e o outono de 457 A.C. e a viagem de Esdras acontecesse no verão de 457 A.C..
4) O Problema da Ascensão do Rei Artaxerxes.
Como ficou demonstrado no item anterior, determinar o ponto exato em que Artaxerxes assumiu o governo é essencial para a localização de seu sétimo ano de reinado. O grande problema é a carência de informação quanto a isso. “O último tablete conhecido do reinado de Xerxes vem do seu vigésimo ano, e o mais antigo tablete datado de Artaxerxes vem do terceiro mês de seu primeiro ano.” Wood e Horn, The Chronology of Ezra 7, segunda edição, p. 99.
O documento LBART 1.419 provém do período helenístico, de forma que seu valor está equiparado ao de outras fontes clássicas (autores gregos e romanos). Mesmo que isso fosse desconsiderado, em nada afetaria a questão, pois, embora o texto localize a morte de Xerxes no seu vigésimo-primeiro ano de reinado, nada diz sobre o momento em que Artaxerxes subiu ao poder, de tal forma que a dúvida subsiste.
Antes que a terceira edição de Babylonian Chronology fosse publicada, fazendo referência ao LBART 1.419, um tablete cuneiforme de Ur parecia ter resolvido o problema. Contendo um acordo entre 4 irmãos, esse tablete está datado do décimo-terceiro ano de Artaxerxes, mas declara que o acordo original fora assinado no vigésimo-primeiro ano de Xerxes, no mês de Kislimu, sendo que a indicação do mês se baseava numa interpretação que H. H. Figulla, editor do texto, havia feito dos pedaços restantes de certos caracteres cuneiformes. Por isso, na primeira edição de The Chronology of Ezra 7, o tablete de Ur foi usado para demonstrar que Xerxes não havia morrido antes de dezembro de 465 A.C. e que, conseqüentemente, Artaxerxes não teria subido ao trono antes do mês de Tishri. Quando, porém, veio à luz o LBART 1.419, Figulla reavaliou sua interpretação e a abandonou. Por isso, Horn adverte que o tablete de Ur não pode mais ser usado para provar que Xerxes ainda vivia em dezembro de 465 A.C..
Aspectos Favoráveis e Desfavoráveis para o Ano 457 A.C.
Como ficou demonstrado, o único sistema que permitiria a viagem de Esdras ocorrer em 457 A.C. é o civil judaico, com a condição de que Artaxerxes subisse ao poder depois do Dia do Ano Novo. Pelos outros esquemas (egípcio ou babilônico-persa), a viagem de Esdras cairia necessariamente no ano 458 A.C.. Portanto, além de buscar estabelecer o calendário civil judaico como o sistema de datação utilizado no livro de Esdras, é também necessário provar que Artaxerxes não subiu imediatamente ao poder após a morte de seu pai, mas somente depois do mês de Tishri daquele ano. Esses 2 fatores combinados são indispensáveis para que 457 A.C. possa ser fixado como o sétimo ano do rei Artaxerxes.
A seguir, serão apresentados os aspectos favoráveis e desfavoráveis para a satisfação dessas condições.
1) Aspectos Favoráveis ao Calendário Outono a Outono
O livro de Neemias, que formava um só livro com o de Esdras no Cânon Judaico, emprega o sistema outono a outono para a datação do reinado de Artaxerxes. Neemias 1:1 faz referência ao mês de Kislev no vigésimo ano de Artaxerxes e Neemias 2:1, que introduz acontecimentos posteriores aos do capítulo 1, refere-se ao mês de Nisan, também no vigésimo ano. Isso demonstra que o dia primeiro de Nisan não marcou o início de um novo ano, o que obviamente só seria possível no calendário civil judaico, de outono a outono.
Outra forte evidência para um calendário outono a outono no período pós-exílico provém de literatura extra-bíblica. Dentre vários papiros encontrados numa ex-colônia judaica, situada na ilha de Elefantina, no rio Nilo, a qual existiu na mesma época em que Esdras voltava da Babilônia, há um documento que também utiliza o calendário civil judaico, de outono a outono. Esse papiro é conhecido pelo nome de Kraeling 6 e constitui hoje um dos mais vigorosos elementos na argumentação pró 457 A.C., pois vem reforçar a informação obtida do livro de Neemias.
2) Aspectos Desfavoráveis ao Calendário Outono a Outono
Embora o livro de Neemias e o papiro Kraeling 6 atestem o uso de um calendário outono a outono no período pós-exílico, nenhuma das 2 referências garantem, com absoluta certeza, que o mesmo esquema tenha sido tomado como base de cálculo para as datas do livro de Esdras. A informação encontrada em Neemias é referente ao vigésimo ano de Artaxerxes e o papiro Kraeling 6 está datado do terceiro ano de Dario II; portanto, posteriores à época do retorno de Esdras.
Além disso, o livro de Esdras faz menção de Ageu (Esdras 5:1 e 6:14), profeta do período pós-exílico, cujo livro data o governo de Dario I pelo calendário babilônico-persa, de primavera a primavera.
Dessa forma, no estágio atual, não há evidências definitivas de que Esdras estivesse utilizando o calendário civil judaico para datar o governo de Artaxerxes.
3) Aspectos Favoráveis à Ascensão de Artaxerxes Após o Mês de Tishri
Como já foi explicado, o LBART 1.419 coloca a morte de Xerxes em agosto de 465 A.C., dificultando o preenchimento de uma das condições para a obtenção do ano 457 A.C.: a ascensão de Artaxerxes depois do mês de Tishri. No entanto, dentre os papiros descobertos na colônia judaica de Elefantina, existe um que favorece essa condição: o AP 6. Esse documento traz a seguinte informação: “No décimo oitavo de Kislev, que é o [décimo sétimo] dia de Thoth, no ano 21, o começo de reinado quando o rei Artaxerxes se assentou no seu trono.” (Wood e Horn, The Chronology of Ezra 7, p. 100). Na faixa de transição Xerxes-Artaxerxes, 18 de Kislev coincide com 17 de Thoth em 2/3 de janeiro de 464 A.C.. Nessa ocasião, de acordo com o AP 6, Artaxerxes estava em seu ano de ascensão. Caso se pudesse comprovar que o AP 6 foi datado pelo sistema judaico de outono a outono, isso garantiria que Artaxerxes não havia subido ao poder senão depois de Tishri em 465 A.C..
Esse intervalo entre a morte de Xerxes (agosto) e a ascensão de Artaxerxes (outubro - janeiro) pode ser explicado pela difícil situação política do Império Persa naquela ocasião, descrita pelos escritores clássicos, tais como Ctesias, Diodoro da Sicília e Trogus Pompeius.
4) Aspectos Desfavoráveis à Ascensão de Artaxerxes Após o Mês de Tishri
Embora o AP 6 afirme que, em janeiro de 464 A.C., Artaxerxes I ainda estivesse em seu ano de ascensão, tal informação se revela insuficiente para determinar o ponto exato do início de seu governo. Ocorre que o AP 6 é um documento judaico escrito no Egito; por isso, ele não permite saber quanto tempo levou antes que a notícia da ascensão de Artaxerxes chegasse até lá. Poderia ser o caso de Artaxerxes ter subido ao poder logo após a morte de seu pai, antes de Tishri, e a informação da mudança de soberano só ter chegado ao Egito depois daquele mês. Isso inviabilizaria o ano 457 A.C. como o sétimo ano de Artaxerxes.
Por outro lado, é importante ressaltar que não existe garantia de que o AP 6 tenha sido datado pelo calendário outono a outono; sendo assim, o ano de ascensão de Artaxerxes poderia ter sido calculado pelo esquema primavera a primavera, o que tornaria a informação do AP 6 de nenhum efeito para a determinação do início do reinado de Artaxerxes, pois ele poderia ter subido ao trono antes do mês de Tishri e seu ano de ascensão mesmo assim se estender até a primavera de 464 A.C.. Em outras palavras, se a informação do AP 6 toma como base o sistema primavera a primavera, Artaxerxes poderia muito bem estar em seu ano de ascensão em janeiro de 464 A.C., sem que isso significasse ter ele subido ao poder depois do mês de Tishri.
Acerca dessa questão, Horn declara: “Se o tempo exato da ascensão de um rei não for verificável, uma incerteza permanece quanto a que ano judaico é o ano da ascensão e qual é o primeiro ano, e a conversão de uma data judaica para o calendário juliano pode estar fora por um ano. Para Artaxerxes I essa incerteza ainda existe em um certo grau.” Wood e Horn, The Chronology of Ezra 7, segunda edição, p. 125.
Favorecendo o Ano 457 A.C.
Em resumo, 2 condições precisam ser atendidas para que o ano 457 A.C. possa ser estabelecido:
- A utilização do calendário civil judaico, de outono a outono, por Esdras;
- A ascensão de Artaxerxes depois de primeiro de Tishri em 465 A.C..
Para preencher a primeira condição, existem as evidências de Neemias e do Kraeling 6, que atestam o uso de um calendário outono a outono no período pós-exílico; mas, tais evidências não são conclusivas, pois nada há, dentro do próprio livro de Esdras, que confirme a utilização desse sistema para a datação dos reinados persas. Além disso, o livro de Ageu, também do período pós-exílico, toma como base de cálculo o calendário babilônico-persa, de primavera a primavera, para o cômputo dos anos do reinado de Dario.
Para preencher a segunda condição, existe a informação do AP 6, segundo o qual, em janeiro de 464 A.C., Artaxerxes ainda estava em seu ano de ascensão, demonstrando ter ele subido ao trono depois do mês de Tishri em 465 A.C.; porém, tal informação não é conclusiva, pois Artaxerxes poderia ter começado seu governo antes de Tishri e a notícia só ter chegado ao Egito depois desse mês, levando o escriba a datar o AP 6 no ano de ascensão. Além disso, não há como se comprovar que o AP 6 tenha sido datado pelo calendário outono a outono, que é condição necessária para que a informação desse documento tenha alguma relevância para a determinação do início do governo de Artaxerxes.
Existem, no entanto, outras evidências que favorecem 457 A.C. como o ano do retorno de Esdras a Jerusalém:
1) O registro bíblico assegura que Esdras partiu de Babilônia no primeiro dia do primeiro mês (Esdras 7:9).
A obra Babylonian Chronology, de Parker e Dubberstein, indica 7/8 de abril, de pôr-do-sol a pôr-do-sol, como o dia primeiro de Nisan no ano 458 A.C.. Mas, esse dia 8 de abril caiu num Sábado, o que desfavoreceria tal ano como sendo o do retorno de Esdras, pois iniciar uma jornada nessa ocasião não se harmonizaria bem com o caráter do líder judeu, o qual “tinha disposto o coração para buscar a lei do Senhor e para a cumprir e para ensinar em Israel os Seus estatutos e os Seus juízos.” Esdras 7:10. Ver também Neemias 9:13 e 14.
2) É importante notar também que o ano 458/457 A.C., contado de outono a outono, foi, provavelmente, um ano sabático, em que todo o trabalho agrícola deveria cessar. Isso teria permitido que Esdras conseguisse reunir mais facilmente um grande número de judeus dispostos a realizar a longa jornada de regresso a Jerusalém.
Apesar disso, certo é que as evidências disponíveis atualmente, embora favoráveis ao ano 457 A.C., não encerram as discussões sobre o assunto.
Como se verá a seguir, esta série de estudos propõe um caminho melhor para estabelecer 457 A.C. como o ano “da saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém” (Daniel 9:25).
Propondo Um Caminho Melhor.
“E eu passo a mostrar-vos ainda um caminho sobremodo excelente.” 1 Coríntios 12:31.
Na verdade, as incertezas remanescentes sobre a datação do sétimo ano de Artaxerxes, bem como a ausência de informação bíblica quanto ao ponto exato em que o decreto foi expedido, impedem que se possa dar uma solução definitiva para o problema, enquanto a atenção estiver voltada apenas para o início dos períodos proféticos de Daniel 8 e 9. Por outro lado, com os dados disponíveis para a determinação do ano exato da morte de Jesus, o meio da última semana da profecia de Daniel pode ser indubitavelmente fixado, o que ajuda a estabelecer também o início das 2.300 tardes e manhãs e das 70 semanas. Em outras palavras, sendo possível demonstrar que 31 A.D. foi realmente o ano da morte de Cristo, também será possível fixar 457 A.C., pois ambas as datas estão separadas entre si por um período de exatos 486,5 anos, correspondentes às 69,5 semanas de Daniel 9:25 e 27.
No próximo estudo, serão analisadas as informações bíblicas, históricas e astronômicas que permitem datar o evento mais importante do plano da salvação, a saber, a morte de Jesus. Com isso, as outras datas do esquema cronológico de Daniel também ficarão fortalecidas e o pesquisador sincero terá um fundamento bem mais sólido em que alicerçar a sua fé.
Henderson H. L. Velten
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