terça-feira, 13 de novembro de 2012

A formação do caráter na primeira infância – por Karina C. Deana


Nos dias 11 e 12 de setembro, à convite da direção do Centro de Educação Infantil Municipal Professora Cacilda dos Santos Ribeiro Branco, Extrema, MG, tive o privilégio de apresentar uma reflexão dirigida aos pais a respeito de um tema muito importante: ”A formação do caráter na primeira infância”, cujo resumo compartilho com você a seguir:A formação do caráter na primeira infânciaO caráter não é formado por ações isoladas, mas por hábitos. Caráter, portanto, é um conjunto de hábitos, quer positivos ou negativos. O que seria, então, hábito? Hábito é um modo de pensar, sentir ou reagir aprendido pela repetição. Qualquer ato repetido torna-se um hábito que juntamente com os pensamentos e sentimentos que o acompanham, forma o caráter. Portanto, a repetição forma o hábito que, por sua vez, forma o caráter.Durante o primeiro ano de vida, o ser humano aprende 50% de tudo que virá a aprender na vida e, no segundo ano, aprende mais 25%. Ou seja, nos dois primeiros anos de vida, o ser humano aprende 75% de tudo que um dia virá a aprender. Obviamente, parte desse aprendizado envolve aspectos motores e físicos como sentar, andar, mastigar, falar, etc., mas também aspectos de ordem emocional, intelectual e espiritual. Assim, ao terceiro ano de vida, grande parte do caráter já está formado e aos sete anos está concluído.*
Nessa fase incial de desenvolvimento de grande parte do caráter, hábitos são formados, que, por sua vez, formarão o caráter do futuro adulto. Tais hábitos são aprendidos através do que alguns educadores costumam chamar de princípio “macaco vê, macaco faz”.
*Dados publicados em: Rockey, Ron e Nancy, Chosen (Nampa, Idaho: Pacific Press Publishing Association, 2001) p. 117.
Princípio “macaco vê, macaco faz”

Em geral, uma das principais atrações de um zoológico são os macacos. Eles são muito engraçados e as crianças se divertem com eles. Os macacos geralmente gostam de imitar os espectadores. Se há alguém comendo, eles querem comer. Se uma criança começa a pular, lá começam eles a pular também. Se alguém grita, os macacos fazem o mesmo. Eles gostam de brincar de imitar e por isso são tão divertidos! Os macacos não imitam apenas humanos, mas também uns aos outros. Ao observar e imitar os macacos mais velhos, os mais jovens aprendem o que comer, onde buscar alimento, a respeitar a hierarquia do grupo, quando ser dominante, quando ser submisso e assim por diante. Os macacos, porém, não são os únicos que aprendem através da observação e imitação. As crianças também fazem o mesmo! Ao observar e imitar repetidas vezes atitudes e reações dos que as circundam, hábitos são formados. As reações observadas no primeiro ano nem sempre se refletem imediatamente, mas provavelmente serão reproduzidas no segundo e terceiro ano de vida. Esse princípio nos leva a uma pergunta de extrema importância:
O que os nossos filhos estão observando? 
O que nossos filhos estão observando diariamente no ambiente familiar, no ambiente escolar, incluindo o que assistem na televisão e as músicas que ouvem? Nessa fase tão importante, a criança ainda não possui um “filtro” para ajudá-la a discernir entre o certo e o errado, pois ainda está aprendendo o que é bom e o que é ruim. Ao assistir um desenho violento, por exemplo, ela ainda não entende completamente que aquilo é errado e que não deve ser imitado. Assim, nós pais temos a responsabilidade de ser o “filtro” de nossos filhos e oferecer o que há de melhor para que, através da observação, eles venham a imitar o que é bom.
Deus, que é infinito em sabedoria, há muito tempo já nos ensinou esse princípio através das palavras inspiradas do sábio rei Salomão registradas na Bíblia:
“Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele” (Provérbios 22:6).Formando hábitos positivos
Hábitos positivos formam um caráter positivo, o que deve ser o objetivo da educação de todo lar cristão. Entre os vários atributos que compõem um caráter positivo, destaco aqui apenas seis:Amor e carinho: Sem dúvida, todo pai deseja que seu filho seja amoroso e carinhoso, afinal, esses são atributos importantes para um caráter positivo. Afim de desenvolver tais características na mente em formação de nossos filhos, é essencial considerar alguns aspectos do ambiente familiar: O que a criança tem observado no relacionamento dos pais? Como é o relacionamento entre os membros da família? Há brigas, xingamentos, reprovações e agressividade? Os pais costumam brigar na frente dos filhos? Demonstram irritação e impaciência com o choro da criança? Perdem a paciência e proferem palavras duras? A criança ouve os pais criticarem um ao outro na ausência de um deles? Ou há um ambiente amável, cortês e carinhoso no lar onde os pais são vistos se abraçando com frequência e trocando palavras de apreço? Para ensinar amor e carinho, é preciso oferecer um ambiente familiar amoroso e carinhoso. Além do ambiente de amor e carinho, outra forma muito eficaz de conquistar o coração dos filhos é dedicar tempo para eles, especialmente para brincar. Brinquedos caros logo são esquecidos, mas a lembrança de ter a família unida para brincar é algo que não se esquece. Ao dedicar tempo para os filhos, transmitimos a mensagem de que os amamos e nos importamos com sua felicidade. Perder a paciência e ânimo depois de um dia estressante de trabalho é muito comum, mas não precisa ser assim, se buscarmos a ajuda de Deus para mantermos sempre um espírito calmo, paciente e amoroso mesmo em meio ao cansaço e às preocupações.
Confiança: Para termos filhos dignos de confiança, precisamos ser pais dignos de confiança. Como, porém, ensinar algo tão abstrato para alguém que ainda não compreende as palavras ou está começando a falar? Lições de confiança ou desconfiança são uma das primeiras lições prendidas pela criança, mesmo sem entender palavras. A criança aprende a confiar nos pais quando eles atendem às suas necessidades prontamente. Como entender, então, o que a criança está precisando? Geralmente o fazemos excluindo possibilidades. Verificamos a fralda, tentamos dar comida, fazemos dormir, damos remédio para cólica e muitas vezes não temos sucesso. Acabamos dando comida quando o bebê está com sono, fazendo dormir quando o bebê quer brincar e assim por diante. Com isso, geramos um sentimento de frustração nos filhos, que se repetido, formará o hábito da desconfiança nos pais e insegurança, transmitindo-lhes a mensagem: “Meus pais não são capazes de oferecer o que eu preciso.” Ao implantar e seguir uma rotina em casa, os pais têm mais facilidade de decifrar a necessidade da criança, ajudando-a a sentir-se segura e confiante. Assim, reflitamos: Há em nosso lar um horário determinado para as refeições? Para brincar em família? Para dormir? Para ler uma história? As crianças, especialmente os bebês, sentem-se seguras em um lar previsível. Gostam de seguir uma rotina, desenvolvendo assim o hábito de confiar nos pais. Ao seguir uma rotina, há maior rapidez em decifrar o motivo do choro do bebê, por exemplo, pois ao olhar no relógio é possível saber o provável motivo da irritação. 
Além da rotina, crianças maiores, que já entendem palavras e se expressam verbalmente, aprendem a confiar e a serem dignas de confiança quando os pais cumprem o que prometem e procuram sempre falar a verdade. Em um relacionamento digno de confiança entre pais e filhos não cabe, por exemplo, ameaças por parte dos pais de que a polícia, o “homem do saco” ou o “bicho papão” aparecerão se fizerem algo errado. Ao cumprirmos promessas feitas e falarmos sempre a verdade, nossos filhos aprendem que podem confiar em nós e pelo nosso exemplo se tornam pessoas dignas de confiança.
 
Respeito: Como é a disciplina no lar? Os pais são autoritários demais reprovando, muitas vezes com agressividade, tudo que a criança faz? Exigem obediência pela força? Ou são complacentes demais, deixando a criança fazer tudo que quer sem restrição? O “não” que dizem significa “não” mesmo ou muitas vezes voltam atrás na ordem dada? Para ensinar respeito à autoridade dos pais e mais velhos, é preciso haver uma disciplina equilibrada, o que é possível somente através da ajuda e da orientação de Deus. Quando os pais são autoritários demais a criança inconscientemente entende que não é amada. Por outro lado, quando são liberais demais, a criança entende que ninguém se importa com o que faz. Quando o “não” ou o “sim” dos pais não se cumprem, a criança entende que a palavra dos pais não tem valor, o que é muito grave. Tais mensagens inconscientes aprendidas através da repetição de uma disciplina desequilibrada acabarão formando o hábito do desrespeito pela autoridade por parte do futuro adulto.
Cooperação: Ensinar a criança a cooperar nos deveres domésticos é ensiná-la a ser responsável e útil para a sociedade. Ao permitir que o filho participe das tarefas domésticas o ensinamos a gostar de ajudar e trabalhar em equipe. As crianças naturalmente têm desejo de imitar o que os pais fazem em casa. Querem lavar a louça, varrer o chão, lavar o carro e assim por diante, mas os pais em geral não gostam que os filhos participem dessas atividades, pois sentem que se fizerem sozinhos concluirão a tarefa mais rápido. A tarefa poderá ser concluída mais rápido, mas perderemos uma oportunidade de ouro de ensinar preciosas lições de cooperação e utilidade. Permitamos que eles nos ajudem, mesmo que levemos mais tempo do que o previsto. Selecionemos atividades adequadas para cada faixa etária e ensinemos os nossos filhos a ter prazer em ajudar. Ajudar nas tarefas domésticas não é o mesmo que trabalho infantil. Ao cooperar em casa, os filhos aprendem que a família é uma equipe que precisa trabalhar em união. 

Zelo pela saúde: Zelar pela saúde é um atributo de caráter muito importante, especialmente tendo em vista que a saúde é um dom de Deus e que o nosso corpo é o templo do Seu Espírito. Em geral, os filhos aprendem a gostar e apreciar aquilo que os pais gostam de comer. A reação deles diante de um novo alimento reflete na grande maioria das vezes a reação que observam nos pais. Filhos pequenos não estão preparados para escolher o que comer, pois ainda não sabem o que é melhor para eles. O “filtro” ainda não está formado para saber o que selecionar e o que rejeitar. Não é preciso ser especialista na área para saber o que é bom ou ruim para a saúde. No fundo, nós adultos sabemos que alimentos enlatados, embalados, artificias, gordurosos e açucarados não fazem bem para a saúde. É tarefa dos pais selecionar o que há de melhor para a saúde dos filhos e ajudá-los a gostar através de seu exemplo. Se os pais não desenvolveram o hábito de zelar pela saúde, nunca é tarde para mudar afim de não correr o risco de desenvolver nos filhos esse mau hábito. Clique aqui para assistir um vídeo que mostra na prática o resultado de não oferecer guloseimas às crianças e a influência dos pais na alimentação dos filhos.
Amor a Deus: Sem Deus, nossos esforços para educar nossos filhos no caminho correto não serão bem-sucedidos. É Ele que nos ajuda, que nos orienta e promove a harmonia no lar. Com Ele ao nosso lado, é possível desenvolver hábitos positivos em nossos filhos, pois Ele é o único capaz de transformar o coração. Como ensinar, então, nossos filhos a amar a Deus? Não basta professarmos amor a Deus, precisamos demonstrar isso através de nosso exemplo. Reflitamos: Há o costume em nosso lar de agradecer a Deus pelo alimento, pela proteção e outras bênçãos recebidas? Temos nos esforçado por ensinar nossos filhos através de nosso exemplo a buscar a Deus em oração e entregar-Lhe todos os pesares, dificuldades e tristezas? Temos o costume de louvar a Deus e procurar entender e praticar a Sua vontade para a nossa vida? Temos buscado implantar em nosso lar o hábito de buscar a Deus em família? A tarefa de reunir a família para ler a Bíblia e falar com Deus é do pai, que segundo a Palavra de Deus, recebe a função de sacerdote do lar. O pai é o responsável por ensinar e exemplificar a Palavra de Deus através de sua conduta. Já a mãe recebe a missão de ser a missionária do lar. Ela trabalha em prol do bem-estar físico e espiritual da família, atendendo suas necessidades e ensinando o cristianismo prático através de seu exemplo. Desde bem pequenos os filhos podem participar desse momento, que deve ser adaptado à sua faixa etária. Nesse momento, os filhos têm a oportunidade de observar os pais buscando forças em Deus para educá-los e promover a felicidade do lar (para conhecer alguns exemplos de como pode ser realizado esse momento, clique aqui).  Buscar a Deus em família é uma das melhores maneiras de ensinar os filhos a amar e respeitar a Deus. 
Que Deus nos ajude e abençoe os nossos esforços ao buscarmos desenvolver em nossos filhos um caráter digno de Sua aprovação.
Por Karina C. Deana – Editora do site Vida Campestre

Nenhum comentário:

Reavivamento da Mordomia Cristã com o Pr. Gilmar e Batismos

Link oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia