quinta-feira, 13 de junho de 2013

Quatro pressupostos antibíblicos da teoria dos “sete papas” em torno de Apocalipse 17

[Para baixar este artigo em pdf, clique aqui: Pressupostos Equivocados da Teoria dos Sete Reis em Apocalipse 17]
Introdução – Especialmente na internet tem circulado uma teoria especulativa em torno do livro do Apocalipse que, obviamente, não possui embasamento bíblico e histórico na interpretação de Apocalipse 17:9-11. Antes de mencioná-la, transcreverei o texto bíblico para nossa contextualização:
“Aqui está o sentido, que tem sabedoria: as sete cabeças são sete montes, nos quais a mulher está sentada. São também sete reis, dos quais caíram cinco, um existe, e o outro ainda não chegou; e, quando chegar, tem de durar pouco. E a besta, que era e não é, também é ele, o oitavo rei, e procede dos sete, e caminha para a destruição”.
Resumidamente, alguns creem que os “sete reis” mencionados nos versos 9 e 10 são “sete papas”, e que o “oitavo rei” será o último antes de Jesus voltar a esse mundo. Já se chegou a especular que esse “oitavo” seria o papa João Paulo II personificado por Satanás, porém, atualmente alguns adeptos dessa teoria creem ser ele Satanás personificando a segunda vinda de Cristo.
Para interpretar o texto como sendo uma referência a “papas”, eles tomam como base (entre outras coisas): (1) a presença do poder papal nas profecias de Daniel e Apocalipse, sendo este representado pelo “chifre pequeno” e pela “besta”[i], respectivamente[ii]; e (2) o ano de 1929 como momento “inicial” para a contagem dos “papas” ou “reis” de Apocalipse 17:9-11.  Detalharei mais esse segundo ponto:
O ano de 1929 é tido como base para o início da profecia de Apocalipse 17:9-11 porque nesse período o Vaticano foi estabelecido como Estado, após a assinatura do Tratado de Latrão[iii]. Esse Tratado deu ao sistema papal independência e poder de caráter civil e político.
De acordo com alguns desses intérpretes, esse poder político e civil que o papado recebeu em 1929 ocasionou a cura da “ferida mortal” que este havia recebido (Ap 13:3) quando, em 1798, o general Berthier, à mando de Napoleão Bonaparte, prendeu o papa Pio VI e o exilou na França (onde morreu um ano e meio depois), dando fim a um domínio papal que durava pouco mais de 1000 anos.
Sendo assim, devido ao restabelecimento do poder papal em 1929 com o Tratado de Latrão, alguns alegam que os “sete reis” de Apocalipse 17:9-11 devem ser entendidos como “sete papas” que assumiram o trono a partir do referido ano, sendo eles, respectivamente:
  • 1º: Pio XI – Achielle Ratti (1922-1939);
  • 2º: Pio XII – Eugênio Pacelli (1939-1958);
  • 3º: João XXII – Ângelo Giuseppe Roncalli (1958-1963);
  • 4º: Paulo VI – Giovanni Battista Montini (1963-1978);
  • 5º: João Paulo I – Albino Luciani (1978, liderando a igreja por 33 dias);
  • 6º: João Paulo II – Karol Wojtyla (1978-2005);
  • 7º: Bento XVI – Joseph Cardinal Ratzinger (2005 – ?).
Seguindo a lógica dessa teoria, Joseph Ratzinger, que renunciou definitivamente em 28 de fevereiro de 2013, seria o “último” papa antes de Satanás – o “oitavo rei” (besta do abismo em Apocalipse 17) personificar a Jesus Cristo e enganar todo o mundo. Um dos proponentes dessa teoria até reconheceu ser essa uma “conclusão perigosa e cheia de riscos [...]” e que “se o sétimo papa Bento XVI morrer e for escolhido mais um papa, teremos de rever esse estudo e Deus nos dará humildade para prosseguirmos na busca da verdade [...]”[iv].
Porém, surgiu no cenário mundial o papa Francisco e agora, ao invés de um dos proponentes de tal teoria (de que Ratzinger seria o último papa) rever seu estudo com “humildade”, elaborou uma nova “versão” do referido mito, continuando assim a propagar suas conclusões “perigosas e cheias de risco”[v].
De maneira sucinta, o presente artigo tratará de pelos menos quatro  pressupostos errados dessa teoria dos “sete papas”. Quando refutados biblicamente e historicamente, auxilia ao leitor atento a desacreditar essa teoria, e a se posicionar ao lado do método historicista de interpretação das profecias, seguido pela maioria dos protestantes de fala inglesa até o século 19, e adotado pelos pioneiros adventistas desde os primórdios do movimento milerita[vi].
Não será feita uma exegese (interpretação, com base também no grego) de Apocalipse 17, nem apresentaremos as opiniões de outros protestantes que não adotam o método historicista para a interpretação das profecias. Para uma análise de interpretações não historicistas, o leitor poderá ler, por exemplo, o comentário de R. N. Champlin sobre o referido capítulo do Apocalipse[vii], tendo o devido cuidado com as interpretações do referido comentarista que não possuem base bíblica.
Já as interpretações historicistas (além das que mencionamos neste artigo) para Apocalipse 17, aceita no meio teológico adventista do sétimo dia, podem ser conhecidas resumidamente nas notas de rodapé sobre o referido capítulo bíblico na obra An Exhaustive Ellen G. White Commentary on Revelation, vol.2[viii].

Pressupostos equivocados – São quatro os principais “pilares” dessa interpretação futurista de Apocalipse 17:9-11:
1. Os “sete reis” são “sete papas” que assumiram, diríamos assim, a direção do Romanismo desde 1929. Consequentemente, após o “sétimo rei” ou “papa”, Jesus voltará muito em breve.
Portanto, para esses irmãos, os “sete reis” precisam ser entendidos de forma literal e não como “reinos”. Obviamente, isso se ajusta à interpretação especulativa de que Apocalipse 17 trata de “sete papas”, ao invés de enfatizar o papado como um todo, como o faz a profecia Apocalíptica (ver Dn 7:25; Ap 12:6; 13).
2. Por suposto, a data de 1929 tem uma importância crucial no cenário profético de Apocalipse 17.
3. O Apocalipse é um livro para o futuro e, portanto, Apocalipse 17 não pode ser interpretado de uma perspectiva passada. Para os adeptos da teoria dos “sete papas”, sendo que o capítulo 17 apresenta uma linguagem “futurista”, é insustentável afirmar que um dos “reis” de Apocalipse 17 tenha sido Roma Imperial (v. 5, na Nova Versão Internacional: ‘São também sete reis. Cinco já caíram, um ainda existe’), ao invés de “João Paulo II” (de acordo com a ideia deles).
4. Outro pilar de tal interpretação futurista de Apocalipse 17 sustenta que a expressão “pouco tempo” (Ap 17:10), aplicada ao “sétimo rei” ou “sétimo papa”, indica que o papado não pode estar sendo mencionado na profecia. Para esses intérpretes, sendo que o papado existe por muitos séculos, “pouco tempo” não é uma referência adequada ao sistema papal, mas, a um papa em particular, que permaneceria no comando da Igreja Católica por um curto período.
A seguir, serão analisadas criticamente, de modo sucinto, essas referidas falhas pressuposicionais que, obviamente, evidenciarão que também as conclusões de tais intérpretes de Apocalipse 17:9-11 foram equivocadas.
Desse modo, todo estudioso comprometido com a totalidade das Escrituras (cf. Lc 24:27, 44) rejeitará, sem dificuldades, a teoria de que Apocalipse 17 aborda “papas isolados”, ao invés do sistema papal como um todo.

A Interpretação futurista do Apocalipse – A maior falha da teoria dos “oito papas” é jogar toda a profecia do capítulo 17 para o futuro. Essa interpretação futurista adotada essencialmente por teólogos dispensacionalistas, não está em harmonia com o método historicista de interpretação das profecias, que considera o livro do Apocalipse sobre uma perspectiva passadapresente e futura.
O testemunho dos próprios livros de Daniel e Apocalipse comprova de maneira inquestionável que o historicismo é o meio correto para entender tais livros proféticos. No livro de Daniel são feitas predições durante o exílio babilônico de Israel, porém, o ponto culminante é o estabelecimento do reino de Deus no fim dos tempos (Dn 2, por exemplo). Isso mostra que a profecia transcorre, perpassa a história, de modo que jogá-la apenas para o futuro é uma distorção do princípio interpretativo que existe no próprio livro de Daniel.
O mesmo ocorre com o livro do Apocalipse. João o escreveu com uma mensagem para as “sete Igrejas da Ásia” (Ap 1:4, 5), mas a amplitude de sua mensagem é universal, e abrange os filhos de Deus de todos os tempos da história. Por isso, o foco de João é tanto a opressão da igreja cristã durante o 1º século, como o fim dos tempos, quando Jesus voltará para acabar com toda a opressão e pecado (Ap 1:7; 22:20)[ix].
Portanto, nenhum intérprete está autorizado pela Bíblia a dizer que o Apocalipse se refere “somente para os cristãos do primeiro século” ou que “sua mensagem é apenas para o futuro”. Isso é desrespeitar o texto bíblico e seguir por um viés interpretativo que é apenas humano.
Esse princípio historicista se aplica obviamente também ao capítulo 17 do Apocalipse. Não podemos estudá-lo apenas de uma perspectiva passada e nem mesmo de uma perspectiva exclusivamente futurista.
Também não é prudente negar os tempos verbais que se encontram no texto como o fazem alguns, no desespero para defender suas teorias. Há quem não se constranja em afirmar que “João utiliza uma linguagem no passado para se referir a um evento no futuro”, como se isso fosse uma “regra” no livro do Apocalipse. Eles fazem esse malabarismo para reinterpretar o tempo verbal Apocalipse 17:10, que João usa no presente para dizerem que o mesmo se refere ao “futuro”.
Por exemplo, quando no verso 10 o apóstolo afirma que o sexto rei “existe” (existiu nos dias dele), alguns não se constrangem em dizer que o apóstolo estava sendo transportado “para o futuro”.
Essa interpretação é absurda e ignora por completo o historicismo como método interpretativo autorizado por Deus para a compreensão do capítulo 17. Esse método considera a profecia de uma perspectiva temporal e linear (passado, presente e futuro) porque Deus atua ao longo da história, não apenas em “parte” dela.
Jogar as profecias (incluindo a de Apocalipse 17) apenas para o futuro é um tipo de “deísmo temporário”, como se o Salvador tivesse “abandonado” os cristãos no tempo passado que leram o livro do Apocalipse, e se voltasse apenas para os cristãos do “futuro”.  Se o apóstolo João escreveu o Apocalipse para confortar aos cristãos passados, que enfrentavam diversos problemas na igreja (Ap 2, 3)[x], é lógico concluirmos que no capítulo 17, ao João dizer que um rei “existe”, isso significa que realmente existia um “rei” no governo, e que o mesmo duraria pouco tempo para o conforto daqueles cristãos que, de certo modo, enfrentavam perseguições.
É certo que em uma visão, o profeta pode viajar da terra para o céu e avançar ou retroceder no tempo. A visão não precisa necessariamente situar-se na época do profeta. Porém, um princípio hermenêutico (interpretativo) fundamental extraído da própria Escritura, estabelece que, quando após a visão o profeta recebe uma explicação (nesse caso, de um anjo), essa explicação (e resultados) quase sempre se realiza na época, lugar e circunstâncias do profeta[xi].
No texto em discussão (Apocalipse 17), a visão é apresentada nos versos 3-6 (primeira parte) e, no resto do capítulo, incluindo o verso 10, há uma explicação que João recebe do anjo intérprete. Nas Escrituras, tais explicações se dão, na maioria das vezes, na época, lugar e na linguagem de quem recebe a visão. Por isso, há um aspecto da profecia (verso 10, quando afirma que um rei “existe” nos dias de João) que é para o tempo do profeta, mesmo que a ênfase da profecia seja nos acontecimentos finais da história.
Perceba o quanto é perigoso interpretar o Apocalipse sem critérios bíblicos e acadêmicos (que se comprovaram ser corretos).

O papado e a data de 1929 – Em setembro 1870, a Igreja Católica perdeu o que restava dos Estados Papais quando a nação italiana declarou guerra ao governo papal que imperava por mais de 1000 anos. Pelo fato de em 11 de fevereiro de 1929 o Cardeal Gasparri e Benito Mussolini assinarem o Tratado de Latrão, feito entre o Reino da Itália e Roma-Santa Sé, assegurando à Igreja Católica total soberania civil e política no estado do Vaticano, os que interpretam os “sete reis” de Apocalipse 17:9-11 como sendo “sete papas” afirmam que 1929 deve ser o ponto de partida para a profecia.
Para eles, naquele momento (ano de 1929), houve a cura da “ferida mortal” que o papado havia sofrido em 1798, quando o general Berthier, a mando de Napoleão Bonaparte, prendeu o Papa Pio VI, dando fim ao período de dominação papal que, segundo o método historicista de interpretação de Daniel 7:25, Apocalipse 12:6 e 13:5, durou 1260 anos (de 538 a.C até 1798 d.C)[xii].
Entretanto, não há razão bíblica e nem histórica para adotar o ano de 1929 como o cumprimento da profecia. Eis algumas razões:
1º: Nas profecias de Daniel e Apocalipse, a ênfase não é no ano de 1929, mas, no período de tempo de domínio papal, que inicia em 538 a.C. Nesse ano entrou em vigor o decreto do imperador de Roma, Justiniano, declarando o bispo de Roma (papa), como chefe de todas as igrejas do Império. Já em 1798 d.C, o general de Napoleão, chamado Berthier, aprisionou o papa Pio VI, dado fim ao período de supremacia papal.
O período de 1929 não é enfatizado tanto em Daniel 7 quanto em Apocalipse 13 (textos que se correspondem), e está “além” daquilo que Daniel 7:25, Apocalipse 12:6 e 13:5 querem dizer, quando mencionam os “42 meses” ou “1260 anos”. Portanto, os anos mais relevantes na profecia dizem respeito a 538 e 1798 d.C (início e final do período de dominação papal).
2º: Apocalipse 13:3 afirma que quando a “ferida mortal” que o papado sofreu em 1798 fosse curada,“toda a terra” se maravilharia, “seguindo a besta”. Porém, sendo que até hoje o papado não conseguiu o mesmo domínio mundial que teve na Idade Média, isso descarta por completo o ano de 1929 como sendo o momento da “cura” da “ferida mortal” que o papado havia recebido.
De fato, o Tratado de Latrão possibilitou o início da cura da “ferida mortal”; porém, essa recuperação ainda está em andamento[xiii], de modo que não podemos usar o ano da assinatura do Tratado de Latrão como o cumprimento da profecia de Apocalipse 13:3.
3º: Ocorreram outros grandes acontecimentos que serviram para aumentar o poder político do papado, e que também poderiam, de certo modo, ser interpretados como sendo o “início” da “cura da ferida mortal” que o papado havia recebido em 1798. Em 1933, o Vaticano assinou uma concordata (um tratado entre o papa e algum governo, sobre assuntos religiosos) com a Alemanha de Hitler[xiv] e, no final da década de 80 e início da de 90, o papado contribuiu para a queda do comunismo na Europa Oriental e na Rússia, em um acordo entre o papa João Paulo II, Ronald Reagan, EUA e o sindicado polonês conhecido como Sindicato Solidariedade[xv].
Considerando isoladamente tais acontecimentos, que também são muito importantes na história do papado, qualquer pessoa pode se sentir na liberdade de adotar, por exemplo, a década de 80 ou 90 como sendo o “ponto de partida” para o cumprimento de Apocalipse 17:9-11. Entretanto, todo estudante da Bíblia que se utiliza de critérios interpretativos sérios – e responsabilidade – não procederá assim em seus estudos, deixando de lado a metodologia correta para compreensão dos escritos proféticos: analisar as profecias sobre uma perspectiva bíblica e histórica (sem desconsiderar que a profecia abarca o passado, o presente e o futuro).
A existência de outros eventos históricos importantes na história do Vaticano, nos leva a concluir que a “ferida” que o papado havia sofrido em 1798 d.C continua em seu processo de cura, ao longo da história, através da influência religiosa e política que o Vaticano tem exercido sobre grandes acontecimentos mundiais. Desse modo, adotar a data de 1929 como sendo o “ano da cura da ferida mortal” é desconsiderar a história, que mostra o ressurgimento e atuação do papado ao longo do tempo, até o dia em que, juntamente com outro poder (EUA), exercerá poderosa influência no mundo religioso e secular, segundo a profecia de Apocalipse 13[xvi].
Por essas e outras razões, mesmo o ano de 1929 tendo sua relevância no cenário profético do restabelecimento do papado (ver Ap 13:3, bem como todo o capítulo), a “cura” da ferida que o papado havia recebido em 1798 com a prisão do papa Pio VI, ainda está ocorrendo, como o mostra a própria história, bem como o desenrolar das profecias. Com isso, não há razões plausíveis para dar ao ano de 1929 uma ênfase que a Bíblia não dá.

O significado “reis” em profecia apocalíptica – Os defensores da teoria dos “sete reis” ou “sete papas” afirmam que a expressão “reis” deve ser tomada literalmente e não da maneira simbólica. O objetivo é fundamentar sua argumentação de que os “reis” mencionados no capítulo não são “reinos” e sim indivíduos (papas que assumiram o trono desde 1929).
Entretanto, eruditos comprometidos com o historicismo bíblico rejeitam totalmente essa interpretação. Por exemplo, Kenneth Strand destaca que os “sete montes”[xvii], também identificados como “sete cabeças” (da besta) e “sete reis”, são simbólicos. Esse teólogo explica que, no Antigo Testamento (base de João na elaboração do Apocalipse), nunca encontramos o termo “montes” sendo usado para simbolizar um monarca individual ou governante[xviii].
Ele baseia essa interpretação em textos bíblicos como Daniel 2:34, 35, 44, 45 e Jeremias 51:25. Leiamos esses textos chave:
“Quando estavas olhando, uma pedra foi cortada sem auxílio de mãos, feriu a estátua nos pés de ferro e de barro e os esmiuçou. Então, foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a palha das eiras no estio, e o vento os levou, e deles não se viram mais vestígios. Mas a pedra que feriu a estátua se tornou em grande montanha, que encheu toda a terra”. (Dn 2:34, 35).
“Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino [a pedra que destruiu a estátua] que não será jamais destruído; este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre, como viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro. O Grande Deus fez saber ao rei o que há de ser futuramente. Certo é o sonho, e fiel, a sua interpretação” (Dn 2:44-45).
“Pagarei, ante os vossos próprios olhos, à Babilônia e a todos os moradores da Caldéia toda a maldade que fizeram em Sião, diz o SENHOR. Eis que sou contra ti, ó monte que destróis, diz o SENHOR, que destróis toda a terra; estenderei a mão contra ti, e te revolverei das rochas, e farei de ti um monte em chamas” (Jr 51:24, 25).
Agora, veja o quadro a seguir e perceba o quanto a interpretação dos “sete reis” como sendo “indivíduos” é absurda:
SímboloSignificado
Daniel 2:34, 35, 44, 45Pedra “cortada sem auxílio de mãos”Reino eterno de Jesus Cristo
Jeremias 51:24, 25MonteReino ou império babilônico[xix].

É impossível aceitar a ideia de que o autor de Apocalipse 17, um judeu cristão que tinha o Antigo Testamento como autoridade profética – e de onde tirou muito de sua linguagem para escrever o Apocalipse – tenha dado aos “sete montes” (Ap 17:9), que correspondem aos “sete reis” (Ap 17:10),outro significado totalmente diferente daquele que Deus revelou a Jeremias (Jr 51:24, 25). Por isso, se necessita muita fé (equivocada) para aceitar a teoria de que indivíduos (papas), ao invés de reinos ou poderes, estão sendo descritos por João em Apocalipse 17:9-11.
Por isso, o termo “reis” em Apocalipse 17:9, 10 é mais bem entendido quando o interpretamos como “regências”, “reinos” ou “impérios”, à luz do significado do Antigo Testamento[xx]. Considerando que mesmo tendo Apocalipse 17 uma ênfase para os últimos dias da história de nosso mundo, não há como fugir da conclusão de que o verso 10, onde a João é revelado que um dos reis “existe” em seus dias, possui um aspecto também para os dias do profeta.
Se um dos “reis” simbólicos dominava quando o Apocalipse foi escrito no final do século I, a teoria dos “papas”, como sendo os “reis” de Apocalipse 17 é quebrada, sem possibilidades de reconstrução. É insustentável. Afinal, o império que dominava nos dias do apóstolo era o romano, e o papado veio a existir a partir do império de Roma, entre os séculos III e IV d.C.
Entre as interpretações historicistas disponíveis para o capítulo[xxi], a mais aceita entre os estudiosos é: sendo Roma um dos impérios que oprimiu povo de Deus na história, os demais “reis” ou “reinos” também são impérios que oprimiram o povo de Deus ao longo da história, sem que necessariamente tenham sido mencionados apenas no livro de Daniel (são citados no Antigo Testamento como poderes opressores do povo de Deus). São eles: Egito, Assíria, Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia, Roma Imperial e Roma Papal[xxii]. Veja o gráfico a seguir de Apocalipse 17:10, bem como a interpretação mais aceita[xxiii]:
 Untitled1
 Untitled2
           
A interpretação de Ekkehardt Mueller, que também possui base exegética assim como os estudos de outros intérpretes historicistas, identifica o 8º rei como sendo Satanás, em três fases da história:antesdurante e depois do milênio de Apocalipse 20. Para esse erudito, a besta de Apocalipse 17 que “era e não é [...] e caminha para a destruição” (Ap 17:11) é Satanás, porque o verso 8 (entre outros argumentos) do referido capítulo apresenta essa besta como emergindo “do abismo”, do mesmo modo que o inimigo ficará preso no “abismo” (Ap 20:1-3) por mil anos e, depois, será solto[xxiv].
Desse modo, o verso 11 é interpretado pelo autor da seguinte maneira:
  • A fase “Era” se refere ao período histórico que os sete “reis” ou “reinos” (Egito Assíria, Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia e Roma Imperial e Roma Papal) foram usados pelo inimigo para oprimir o povo de Deus. É a fase em que Satanás atua na história humana até a segunda vinda de Cristo, terminando com o início do milênio de Apocalipse 20.
  • A fase “não é” é entendida por Mueller como se referindo ao tempo durante o milênio, em que Satanás estará preso (Ap 20:1-3) no “abismo” (terra desolada [cf. Jr 4:23-28], sem pessoas para tentar[xxv]).
  • Já a fase “caminha para a destruição” se refere à libertação do Diabo do abismo (Terra desolada) e seu posterior castigo e destruição (Ap 20:8-10).
Sendo Satanás um ser espiritual que durante toda a história guerreou contra o governo de Deus e Seus filhos (“Era”), o mesmo será punido sendo isolado no planeta durante o milênio (“Não é” [Ap 20:1-3]) e, após esse período, será castigado e destruído (“caminha para a destruição” [Ap 20:10; Rm 16:20]).
Esse aspecto da profecia é viável e não ignora o método historicista de interpretação das profecias seguido por outros eruditos adventistas do sétimo dia[xxvi].

O significado da expressão “pouco tempo” aplicada ao sétimo “rei” em Apocalipse 17:10 – Pelo fato de o papado existir há vários séculos, alguns alegam que o “sétimo rei” não pode ser o sistema papal porque o texto bíblico diz que ele duraria “pouco tempo”. Todavia, uma análise da palavra grega para “pouco”, oligos, revela a falácia dessa argumentação. Nas duas vezes em que essa palavra se refere ao “tempo” no livro do Apocalipse (Ap 12:12; 17:10), em uma delas é dito o seguinte, sobre Satanás, após sua derrota: “Por isso, festejai, ó céus, e vós, os que neles habitais. Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta” (Ap 12:12)[xxvii].
Claramente, “pouco” – oligos – define o período de tempo desde a expulsão do Diabo até o final do mundo. Esse “pouco tempo” que restaria para o Diabo permanece até hoje e dura cerca de dois milênios!
Por isso, do mesmo modo que a palavra grega oligos (“pouco”) pode abranger um longo período de tempo[xxviii] em relação ao Diabo (milênios), não há um porquê de não poder englobar o papado (vários séculos). Stefanovic tem razão ao afirmar que a frase “tem de durar pouco” possui um significado mais qualitativo (satanás e a besta terão um fim) do que quantitativo[xxix].

Humildade não é sinônimo de ignorância – Uma das estratégias de diversos críticos é tentar desacreditar os teólogos da igreja para que as pessoas se “armem” contra qualquer um que contradiga suas teorias sensacionalistas.
É certo que nossa interpretação da Bíblia não deve depender de homens, e sim de nosso estudo particular (At 17:11), sob a orientação do Espírito Santo (Jo 16:12; 13, 14). Todavia, desmerecer os teólogos da igreja, que estudam o Apocalipse seguindo critérios comprovadamente corretos do ponto de vista bíblico, exegético, hermenêutico e histórico, com a desculpa de que Deus “escondeu” Sua revelação profética “dos sábios e cultos”, e as revelou “aos pequeninos” (Mt 11:25) é, ao meu ver, falta de respeito para com os irmãos que estudam e trabalham com a teologia, bem como uma desculpa para a ignorância.
Qualquer estudante sério das Escrituras sabe que os “pequeninos” mencionados por Jesus não são os simples e humildes “que não estudaram teologia” ou deixaram de realizar qualquer outro curso superior. Ellen White comentou: “O Salvador regozijou-Se por que o plano da salvação é de tal natureza que aqueles que são sábios aos próprios olhos, que se acham inchados pelos ensinos da vã filosofia, não podem ver a beleza, o poder e o oculto mistério do evangelho. A todos quantos são humildes de coração, porém, que possuem um desejo dócil, sincero, infantil, de conhecer e fazer a vontade de seu Pai celeste, Sua Palavra é revelada como o poder de Deus para salvação.”[xxx]
Segundo o comentário da autora, podemos afirmar que tanto teólogos quanto não teólogos podem ter tais características, e não é o grau acadêmico e nem mesmo a falta de uma formação que determinará a “simplicidade” ou “humildade” de alguém.
Há muitas pessoas de grande cultura acadêmica que são “pequeninos” em sua maneira humilde de tratar com os seres humanos e de seguir às ordens de Deus. Ao mesmo tempo, há pessoas de pouca cultura que são muito arrogantes.
Status acadêmico e muito menos a ignorância são em si mesmos “provas” de que uma pessoa é “humilde” (pequenina), mas sim a presença do “fruto do Espírito”, que se manifesta em nove qualidades de caráter (Gl 5:22, 23), tanto nos mais letrados quanto menos letrados. Afinal, Deus não faz “acepção de pessoas” (Rm 2:11). Isso fica evidente no chamado de Deus tanto ao profeta Amós, que cuidava de gado (Am 7:14), quanto no chamado de Paulo, que era um culto membro do Sinédrio (At 7-9).

Considerações finais – Por mais bem intencionados que sejam alguns dos adeptos da teoria dos “sete reis” ou “sete papas”, a interpretação futurista que fazem de Apocalipse 17 não pode ser sustentada pela Bíblia, devendo assim ser rejeitada por aqueles que levam a sério o métodohistoricista de interpretação das profecias.
Essa metodologia bíblica (historicismo) foi aceita pela grande maioria dos protestantes até o século 19, e foi ela que os pioneiros adventistas utilizaram para sua compreensão das profecias. A interpretação de que o Apocalipse é um livro “para o futuro” não passa de um “dispensacionalismo, ou futurismo disfarçado”[xxxi], utilizado por boa parte de comentaristas evangélicos que, no devido tempo, serão orientados por Deus quanto a esse assunto.
Sem desmerecer o importantíssimo trabalho do site Wikipédia em democratizar o saber, seguidores da teoria conspirativa dos “oito papas” erram em não citar outras fontes históricas, inclusive teológicas, em sua análise de Apocalipse 17. Analisar um capítulo bíblico sem o devido uso das regras para a interpretação de um texto apocalíptico dessa magnitude não é uma atitude responsável. Ainda mais da parte do estudante que leva em consideração o princípio hermenêutico (interpretação) da totalidade das Escrituras, como o fazia Jesus Cristo (cf. Lc 24:27, 44).
Quando consideramos o todo, o contexto amplo do livro do Apocalipse, percebemos que este écristocêntrico (centralizado em Cristo e em Sua vinda) e não “papacêntrico” (centralizado na pessoa do papa). A teoria dos “sete papas”, mesmo que seus defensores não tenham essa intenção, acaba desviando o foco do estudante do Apocalipse dAquele que é a razão de ser do livro profético: o Cristo “que vem com as nuvens” e que “todo olho o verá” (Ap 1:7); o digno “Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 5:12; 13:8).
Portanto, mesmo tratando do papado nos capítulos 12-14, 17 e 18, o Apocalipse é a “Revelação de Jesus Cristo” (Ap 1:1) e não a “revelação sobre o papa”. Desconsiderar esse princípio interpretativo é permitir que Satanás desvie o foco do cristão dAquele que realmente é importante no cenário profético (Ap 22:12, 20).
Jesus pode voltar a qualquer momento para cada um de nós se hoje for nosso último dia de vida, pois, é apenas em vida que podemos decidir aceitar ou não o plano de salvação (2Co 6:2; Hb 3:13). Bom seria para nós se o Papa Francisco fosse o último a assumir o trono do Vaticano antes de Jesus retornar “com poder e grande glória” (Ap 1:7). Porém, não temos autorização da parte de Deus para especularmos sobre esse tipo de coisa (cf. Mt 24:36; At 1:7), que leva as pessoas mais à agitação do que ao preparo para o retorno do Senhor.
Além disso, sendo que a ênfase da Bíblia é no nosso preparo diário para a volta do Senhor (Mt 24:42, 44) e não no “saber os tempos ou as datas que o Pai estabeleceu pela sua própria autoridade” (At 1:7), especular sobre o “último papa” que assumirá a liderança da Igreja Católica, antes de Jesus voltar, é perda de tempo e uma atitude que não pode ser apoiada pela Bíblia (Mt 24:36).
Aceitar a teoria dos “sete papas” é também pisar no perigoso “terreno do desapontamento”, e correr o risco de questionar seriamente a fé com o não cumprimento de uma “profecia” (“sete papas” em Apocalipse 17) que não está presente no texto bíblico. Ela não se harmoniza com o método historicista de interpretação que encontramos no livro de Daniel, e muito menos é aceita por estudantes e/ou teólogos sérios, e que veem no livro do Apocalipse uma mensagem de Deus para Seus filhos de todas as épocas: do passado (Ap 2, 3), presente (Ap 1:3) e futuro (Ap 1:7).
Finalizando, como irmão em Cristo recomendo que todo leitor, bem como os adeptos e propagadores de tal teoria, meditem nessas considerações em espírito de oração, e que juntos estejamos dispostos a dar o melhor de nós para o avanço do Reino de Deus (cf. 2Pe 3:12) e exaltação da Verdade que realmente liberta (Jo 8:32; Ap 14:6-12).




[i] No presente artigo não será feito um estudo sobre Apocalipse 13. Para uma análise exegética desse importante capítulo bíblico recomenda-se a leitura do artigo de Carlos Olivares, intitulado “Elementos Para Descifrar el 666: Una Propuesta”, disponível na revista teológica DavarLogos, volume 8, número 1, (Libertador San Martín, Entre Rios, Argentina: Editorial Universidad Adventista del Plata, 2009), p. 31-58. Ver também Marvin Moore, Apocalipse 13: Leis Dominicais, Boicotes Econômicos, Decretos de Morte, Perseguição Religiosa… Isso Poderia Realmente Acontecer? (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2013).
[ii] Ver Dn 7:25; 8:9-13; Ap 13; Ap 17. Ver também 2Ts 2:1-12, onde é mencionado o “homem da iniquidade”. De acordo com a maioria dos eruditos da pré-Reforma, Reforma, da pós-Reforma; e segundo a maioria dos historicistas posteriores, até início século 19, o papado cumpre com os requisitos e características de tais poderes antagônicos à Lei dos Dez Mandamentos. Por exemplo, Charles Boutflower (1846-1936), na obra In and Around the Book of Daniel (New York and Toronto: The Macmillan Co., 1923), p. 298, declarou, sobre Daniel 2 e 7: “O quarto reino de Daniel é o poder romano: primeiro em sua etapa como poder consular e imperial, e depois em sua etapa em que a ‘ponta pequena’ retratava o papado” . Todavia, como destaca George R. Knight, “Esta interpretação profética não justifica a acusação de que seus defensores sejam anticatólicos. Não recusamos dar crédito a qualquer bem que tenha sido feito pelos católicos, nem desprezamos a sinceridade de fervorosos católicos individuais, por acharmos que esse sistema é condenado nas Escrituras. Respeitamos a liberdade de todo católico para adorar a Deus como julgar melhor; e nos valemos do direito de indicar o que nos parece errado e procurar persuadir os homens a aceitar o que cremos ser verdade, sem preconceito nem fanatismo” (Questões Sobre Doutrina, edição Anotada [Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2009], p. 245. Nota de rodapé). A posição respeitosa adventista para com o Catolicismo Romano e para com os irmãos católicos pode ser lida em Declarações da Igreja(Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2003), p. 79, 80.
[iii] Quem assinou esse tratado foram o Cardeal Gasparri e Benito Mussolini, premier italiano entre 1922 e 1943.
[iv] Samuel Ramos, Revelações do Apocalipse, vol. 3 (Publicação particular. Curitiba: 2006), p. 106.
[v] Conquanto a teoria de Ramos tenha falhado em sua interpretação dos sete reis, a crença do autor de que o “oitavo rei” e a “besta do abismo” seja Satanás (Revelações do Apocalipse, vol. 3, p. 111-113), é perfeitamente viável com o contexto do capítulo e o uso do termo “abismo” no livro do Apocalipse. Por sua vez, Ekkehardt Mueller em seu artigo “A Besta de Apocalipse 17: Uma Sugestão”, sugeriu que Satanás é a totalidade do engano representado no capítulo.
[vi] A Igreja Adventista do Sétimo Dia não tem os irmãos pioneiros como “regra de fé”. A referida denominação aceita a metodologia e interpretação deles que estão em harmonia com as Escrituras, tendo a consciência de que por mais sinceros que tenham sido, foram pessoas sujeitas a falhas como qualquer outro. Nossa compreensão das profecias com base no método historicista baseia-se no historicismo encontrado, por exemplo, nas profecias de Daniel 2, 7, 8 e 9, que se refletiu em uma das obras mais importantes da literatura adventista: O Grande Conflito, de Ellen G. White. Esse livro aborda a doutrina do “grande conflito entre o bem e o mal” (ver Ap 12:7-9) de uma perspectiva historicista, apresentando o conflito entre Cristo e Satanás como um evento que ocorre ao longo da história, contrariando assim o preterismo (que joga as profecias para o passado) e o futurismo (que lança as profecias para um cumprimento futuro).
[vii] Russel Norman Champlin, O Novo Testamento Interpretado Versículo Por Versículo, vol. 6 (São Paulo: HAGNOS, 2002), p. 595-604. Resumidamente, para o autor a “Besta” de Apocalipse 17 é, historicamente, Roma Pagã e os sete reis, sete imperadores romanos. Todavia, essa interpretação preterista (que joga a profecia toda para o passado) foi refutada por Kenneth A. Strand no capítulo “The Seven Heads: Do They Represent Roman Emperors?” da obra Symposium on Revelation – Book II, editada por Frank B, Holbrook (Silver Spring, MD: Biblical Research Institute, 1992), p. 177-206.
[viii] Academy Enterprises Inc., An Exhaustive Ellen G. White Commentary on Revelation, vol. 2 (Harrah, Oklahoma: Review and Herald Publishing Association, 1957, 1977, 1980), p. 1071 (principalmente).
[ix] William G. Johnson, “Apocalíptica Bíblica” em Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia. Ed. Raul Dederen. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011), p. 884.
[x] A linguagem que João empregou não deixa nenhuma dúvida quanto à sua mensagem inicial aos cristãos passados e, portanto, o capítulo 17 possuía alguma relevância para eles também. Veja Apocalipse 1:4: “João, às sete igrejas que se encontram na Ásia, graça e paz a vós outros, da parte daquele que é, que era e que há de vir, da parte dos sete Espíritos que se acham diante do seu trono”. Por isso, a chave para interpretar o Apocalipse, está no seu início, quando percebemos a quem primeiramente a mensagem foi dirigida, em que contexto histórico. Em seguida, buscamos saber o que o Livro tem de relevante para os nossos dias.
[xi] John K. Paulien, “La hermenéutica de la apocalíptica bíblica” em Entender Las Sagradas Escrituras, ed. George W. Reid (Buenos Aires, Argentina: Asociación Casa Editora Sudamericana, 2010), p. 326.
[xii] Para um estudo sobre o “princípio dia-ano” existente nas profecias apocalípticas, ver, por exemplo: William H. Shea, “Year-Day Principle – Parts 1, 2” em Selected Studies on Prophetic Interpretation (Silver Spring, MI: Biblical Research Institute, 1992), p. 67-110; Gerhard Pfandl, “The Year-Day Principle” (Biblical Research Institute), disponível em
https://adventistbiblicalresearch.org/sites/default/files/pdf/year-day%20principle.pdf ; C. Merwyn Maxwell, Uma Nova Era Segundo as Profecias do Apocalipse (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2004), p.p. 536, 538, 540; Questões Sobre Doutrina (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2009), p. 201, 202; Jon K. Paulien, “La hermenéutica de la apocalíptica bíblica” emEntender Las Sagradas Escrituras (Asociación Casa Editora Sudamericana, 2010), p. 299-329; William G. Johnsson, “Apocalíptica Bíblica” em Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011), p. 885, 886; José Carlos Ramos, “O Princípio Dia/Ano” emMensagem de Deus: Como entender as profecias bíblicas (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2012), p. 37-46. Já a validade dos 1260 anos proféticos pode ser vista no artigo de Jon Paulien, intitulado “The 1260 Days in the Book of Revelation”, disponível em:https://adventistbiblicalresearch.org/sites/default/files/pdf/1260%20Days%20in%20Revelation.pdf
[xiii] Moore, Apocalipse 13…, p. 58.
[xiv] A concordata deu à religião católica plena liberdade na Alemanha e estabeleceu que o ensino do catolicismo fosse parte da grade curricular das instituições de ensino, mesmo havendo uma grande influência protestante no país.
[xv] Sobre a influência do papado na política mundial, bem como maiores informações sobre o Tratado de Latrão, veja-se Marvin Moore em Apocalipse 13: Leis Dominicais, Boicotes Econômicos, Decretos de Morte, Perseguição Religiosa… Isso Poderia Realmente Acontecer?” (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2013), p. 53-71.
[xvi] Para uma análise histórica desse acontecimento profetizado em Apocalipse 13, ver Ellen G. White em O Grande Conflito (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2009), p.563-581 (“Ameaça à Consciência”); 593-602 (“Nossa Única Salvaguarda”); p. 603-612 (“O Último Convite Divino”). Toda a obra se revela bastante útil para aquele que deseja conhecer algo dos bastidores do Grande Conflito entre Cristo e Satanás na história humana (e da igreja cristã).
[xvii] No grego, o termo grego oros, traduzido por “colinas” em algumas traduções como a da Nova Versão Internacional, deveria ser traduzido por “montanhas”.
[xviii] Kenneth A. Strand, “The Seven Heads: Do They Represent Roman Emperors?” emSymposium on Revelation – Book II, ed. Frank B. Holbrook, p.p. 177, 186 (Silver Spring, MI: Biblical Research Institute, General Conference of Seventh-day Adventists, 1992). Daniel and Revelation Committee Series, vol. 7.
[xix] Strand (Ibidem, p. 187) observa que quando Daniel diz a Nabucodonosor:  “tu és a cabeça de ouro” (Dn 2:38), ele está falando do reino da Babilônia, e que isso é evidente a partir do contexto, em que outras entidades e poderes (e não indivíduos isolados) são identificados como parte da profecia da estátua: “Depois de ti, se levantará outro reino, inferior ao teu; e um terceiro reino, de bronze, o qual terá domínio sobre toda a terra. O quarto reino será forte como ferro; pois o ferro a tudo quebra e esmiúça; como o ferro quebra todas as coisas, assim ele fará em pedaços e esmiuçará” (Dn 2:39,40).
[xx] É corretíssima a relação entre Daniel 2 e Apocalipse 17 para a compreensão do significado dos termos “reis” e “montes”. Afinal, os dois livros se correspondem e são do mesmo estilo (apocalíptico).
[xxi] Veja-se o artigo de José Carlos Ramos, intitulado “Teoria do sexto rei contra-ataca”, publicado na Revista Adventista de junho de 2005, p. 10, onde ele apresenta duas das principais interpretações historicistas para Apocalipse 17. Esse artigo foi disponibilizado também no blog do programa “Na Mira da Verdade”, no link:http://novotempo.com/namiradaverdade/2013/03/18/teoria-do-sexto-rei-contra-ataca/
[xxii] Ekkehardt Mueller sugere que a besta de Apocalipse 17, mesmo tendo semelhanças com a besta de Apocalipse 13, é Satanás operando por meio de poderes políticos. Para uma análise de sua interpretação sugestiva, leia-se “A Besta de Apocalipse 17: Uma Sugestão”, publicada na Revista teológica “Parousia”, de 1º semestre de 2005, p. 31-41.
[xxiii] Sendo esse um capítulo de difícil interpretação, não podemos “bater um martelo”, especialmente no que diz respeito ao 8º rei. O conhecimento é progressivo (Pv 4:18; Jo 16:12) e, com o passar do tempo, Deus pode revelar novas coisas sobre Sua Palavra. Todavia, isso não dá margem para aceitarmos as teorias absurdas, que desconsideram o método historicista bíblico de interpretação. Temos que acatar às interpretações mais coerentes, e termos o coração aberto a novas verdades, desde que elas sejam solidamente baseadas na Palavra de Deus, livres de especulações, e possam ser reconhecidas após iluminação do Espírito Santo e análise dos demais irmãos na fé. Afinal, espírito de “independência” não faz parte do plano de Deus para seu povo (ver 1Co 1:10) e é “na multidão de conselheiros [que] há segurança” (Pv 11:14).
[xxiv] Mueller, “A Besta de Apocalipse 17: Uma Sugestão”…, p. 31-41.
[xxv] Afinal, os ímpios estarão mortos (Ap 20:5) e, os justos, vivos no céu, longe das influências do maligno (Compare-se Jo 14:1-3 com Ap 20:4 e 1Co 6:2, 3).
[xxvi] Andrews Study Bible (Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 2010), p. 1681. Ver comentário sobre Apocalipse 17:10.
[xxvii] Mueller, “A Besta de Apocalipse 17: Uma Sugestão”…, p. 38.
[xxviii] Na esfera divina, o tempo é curto em comparação com a eternidade de Deus e com os milênios de vida que o inimigo teve para pecar. Afinal, para um ser que poderia viver para sempre como Lúcifer (caso tivesse sido fiel ao seu Criador), ter um fim corresponde a ter “pouco tempo”.
[xxix] Ranko Stefanovic, Revelation of Jesus Christ: Commentary on the Book of Revelation (Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 2009), p. 521.
[xxx] Ellen G. White, Testemunhos Seletos, vol. 1 (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2008), p. 584. Ver também Conselhos Sobre Escola Sabatina, p. 78; Testemunhos Seletos, vol. 3, p. 413.
[xxxi] José Carlos Ramos, “Teoria do sexto rei contra-ataca”. Revista Adventista, junho de 2005, p. 10.

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