Primeiramente agradeço ao irmão por vir a este blog e postar seu contra-argumento, de maneira educada e cristã.
Em segundo lugar, os adventistas do sétimo dia não apedrejam os irmãos que desobedecem a algum princípio moral porque diferenciam o princípio moral da aplicação da pena pela desobediência do princípio.
É nesse ponto que gostaria de me deter para lhe ajudar. Antes, leia com atenção os versículos que estão na tabela abaixo, pois serão fundamentais para que entenda o que quero transmitir nesse post:
Lei Moral
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Princípio Moral
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Pena pela desobediência
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“Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. [...]” (Êx 20:8. Leia-se também os versos 9-11) |
Adoração e amor para com Deus
| “Mas a pessoa que fizer alguma coisa atrevidamente [...] injuria ao SENHOR; tal pessoa será eliminada do meio do seu povo [...] Estando, pois, os filhos de Israel no deserto, acharam um homem apanhando lenha no dia de sábado [...] Então, disse o SENHOR a Moisés: Tal homemserá morto; toda a congregação o apedrejará fora do arraial (Nm 15:30, 32 e 35). |
“Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá” (Êx 20:12). |
Respeito e amor para com os pais (e avós)
| “Quem amaldiçoar seu pai ou sua mãe será morto” (Êx 21:17). |
Agora, podemos continuar em nossa argumentação por termos estabelecido a base bíblica para a mesma.
Ao citar as palavras de Jesus em Mateus 5:17, 18 na elaboração de seu contra-argumento, o irmão está confundindo princípio com a aplicação da pena pela desobediência de um princípio.
Explicarei essa diferença através de uma pergunta retórica, tendo como base outro princípio bíblico:
O irmão guarda o mandamento “honra a teu pai e tua mãe” (Êx 20:12). Mas por que você não apedreja aos membros de sua igreja que dizem palavrões aos pais? Não o faz porque sua obediência nada tem a ver com a maneira como a cultura dos dias de Israel punia aos transgressores.
Atualmente não somos desumanizados como o povo de Israel, que viveu por muito tempo como escravo no Egito. Por isso, não matamos como eles (ainda mais por motivos banais, como o fazem povos que perderam a sensibilidade), pois, temos uma sensibilidade moral mais desenvolvida por nunca termos sido escravos de outra nação (entre outros fatores).
Àquelas pessoas, Deus precisava dar seus princípios morais usando a linguagem do “não” (“não” farás isso, “não” farás aquilo), bem como “falar gritando” (veja-se, por exemplo, Êx 20:18-20), para que entendessem a gravidade do pecado e não se tornassem piores do que já eram.
Além disso, o Senhor tinha de condenar com rigidez certas práticas feitas abertamente porque a natureza desumanizada do povo fazia com que eles julgassem como algo muito “normal” afrontar aos pais e a Deus, por exemplo.
Por isso, quando o Senhor pediu que tanto os filhos rebeldes fossem mortos (Êx 21:17) quanto os abertos transgressores do sábado (Nm 15:32-36), isso ocorreu num contexto em que Ele tinha que disciplinar um povo que, tratado como animal, vivia como animal (matavam por qualquer coisa e tinham uma tendência à idolatria que era impressionante) e que precisava ser instruído através de outros recursos didáticos (trovões no Sinai enquanto recebiam a Lei e punição severa apenas aos que afrontavam a Lei abertamente).
Aqui cabe outra pergunta retórica, tendo a Bíblia como base: pelo fato de Deus mandar apedrejar filhos rebeldes no passado e você não fazer isso atualmente, em relação aos seus irmãos na fé, isso indica que não deve mais guardar o mandamento “honra a teu pai e tua mãe?” Jamais.
Você não pensa e não age assim porque, mesmo inconscientemente, o irmão separa o princípio moral de obedecer aos pais da aplicação de uma pena de morte pela transgressão do princípio.
Com base nisso que escrevi e lhe expliquei, lhe respondo: os adventistas do sétimo dia, mesmo sendo salvos unicamente pela graça de Cristo (Ef 2:8, 9), guardam o sábado porque separam oprincípio de adoração da pena capital aplicada aos que desobedeciam abertamente ao princípio do 4º mandamento claramente exposto em Êxodo 20:8-11.
Perceba que essencialmente você, um irmão evangélico, bem como os adventistas do sétimo dia, fazem a mesma coisa. Obedecem a Deus independente do tipo de pena que era aplicada aos transgressores no passado.
A diferença está apenas no tipo de princípio que você escolheu para contra-argumentar.
Desse modo, não é por sermos salvos pela graça (Rm 5:1), ou porque havia a pena capital para os desobedientes, que iremos anular de nossa experiência cristã os princípios morais da Lei Divina, resumidos no Decálogo (Êx 20:1-17; Dt 5:1-21). Afinal, Cristo ampliou o significado da Lei de Moisés, ao invés de aboli-la (Lei todo o sermão do Monte, em Mateus 5 ao capítulo 7, tendo em mente Mateus 5:17, 18).
Desejo que seu coração continue aberto a todas as verdades que o Espírito Santo quer lhe revelar (Jo 16:13). Inclusive à verdade de que a obediência ao quarto mandamento nos coloca numa sintonia ainda maior com Jesus Cristo (Is 56:2; 58:13, 14), o “Senhor do sábado” (Mt 12:8; Mc 2:28) e nosso único Salvador (At 4:12), Intercessor (1Tm 2:5) e Sumo Sacerdote (Hb 8:1-2).
Encerro parafraseando, com reverência, a Romanos 3:31: “Anulamos, pois, a lei por que a pena de morte era usada para punir os abertos transgressores, nos dias de Israel? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei.”
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